Corvallis, Oregon — InkDesign News — Uma pesquisa publicada no periódico Geosphere revela que terremotos de grande magnitude na região do Noroeste do Pacífico podem desencadear sismos igualmente intensos na Califórnia – fenômeno que altera o entendimento sobre o risco sísmico em toda a costa oeste dos Estados Unidos.
O Contexto da Pesquisa
A costa do Pacífico norte-americano assenta-se sobre a junção de grandes placas tectônicas. Ao norte do Cabo Mendocino, Califórnia, a placa Juan de Fuca mergulha sob o continente norte-americano, formando a megafalha de subducção de Cascadia. Mais ao sul, placas do Pacífico e da América do Norte se encontram na famosa Falha de San Andreas, palco de terremotos históricos, como o de 1906 em São Francisco. O risco de que ambos sistemas falhem em sequência redefiniria as ameaças atuais para toda a região.
Resultados e Metodologia
A conexão entre Cascadia e San Andreas foi identificada de maneira fortuita. Em 1999, durante uma expedição científica programada para estudar sedimentos do Noroeste do Pacífico e compreender terremotos antigos de Cascadia, um erro de coordenada levou pesquisadores para 90 quilômetros ao sul, em águas do entorno da Falha de San Andreas.
“We wound up off northern California. When I woke up, I was pretty hot. But, once we were there, I thought, ‘well, let’s take a core here.’”
(“Fomos parar ao largo do norte da Califórnia. Quando acordei, estava bastante irritado. Mas, já que estávamos lá, pensei ‘bem, vamos coletar uma amostra aqui’.”)— Dr. Chris Goldfinger, Paleossismólogo, Universidade Estadual do Oregon
As análises revelaram padrões inesperados nos depósitos sedimentares: ao longo de três mil anos, os núcleos extraídos de Noyo Canyon, perto de Fort Bragg, e de regiões do Cascadia apresentaram camadas duplas e coincidentes de turbiditos, indicando deslizamentos submarinos provavelmente desencadeados por grandes sismos. Datação por radiocarbono mostrou que as duplas camadas formaram-se quase simultaneamente nos dois sistemas de falhas. Após descartar outras hipóteses, os cientistas sugerem que uma ruptura de Cascadia pode acionar um forte terremoto na San Andreas em intervalo de minutos a horas.
“A lightbulb went on and we realized that the Noyo channel was probably recording Cascadia earthquakes, and that at a similar distance, Cascadia sites were probably recording San Andreas earthquakes.”
(“Uma lâmpada se acendeu e percebemos que o canal de Noyo provavelmente estava registrando terremotos de Cascadia, e que, a uma distância semelhante, os locais de Cascadia estavam provavelmente registrando terremotos da San Andreas.”)— Dr. Chris Goldfinger, Paleossismólogo, Universidade Estadual do Oregon
Implicações e Próximos Passos
A possibilidade de uma sequência rápida de mega-terremotos, afetando do Noroeste do Pacífico à Califórnia, impõe novas demandas às estratégias de preparação para emergências, infraestrutura e políticas de resposta a desastres. Segundo os autores, compreender a dinâmica entre as duas falhas será fundamental para mitigar riscos sociais e econômicos em vastas áreas urbanas do Oeste americano.
Os pesquisadores reconhecem limitações na precisão do intervalo temporal dos eventos duplos e sugerem investigações adicionais em sedimentos e outros métodos de datação para robustecer o vínculo causal entre os sistemas de falhas. O avanço desse conhecimento poderá influenciar futuras diretrizes recomendadas por órgãos de defesa civil e engenharia, além de impactar discussões globais sobre riscos tectônicos.
Com o aumento de áreas urbanizadas em zonas de risco, a integração de novos modelos sísmicos às políticas públicas torna-se uma prioridade. Estudos futuros deverão focar no monitoramento simultâneo de sistemas complexos de falhas, bem como em ampliar os referenciais para prevenção de desastres naturais em regiões costeiras.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)
