
Chicago — InkDesign News — Uma antiga pele de alce, conhecida como Pawnee Star Chart, está no centro das atenções de pesquisadores e astrônomos, revelando como comunidades indígenas das Grandes Planícies compreendiam o céu noturno. O objeto, datado aproximadamente de 1625 e vindo das regiões hoje conhecidas como Nebraska e Kansas, foi tema de debates recentes sobre sua finalidade e precisão como representação do cosmos.
O Contexto da Pesquisa
Descoberta em 1902 por James Murie, antropólogo Skiri Pawnee, a Pawnee Star Chart foi encontrada em um conjunto cerimonial sagrado e depois transferida para o Field Museum, em Chicago. O gráfico, inscrito manualmente em uma peça de aproximadamente 38 por 56 centímetros, contém símbolos estelares distribuídos de forma que sugerem representações do céu, mas sem consenso sobre seu uso exato. Ao longo das décadas, fontes como o estudo de Ralph Buckstaff, de 1927, e análises posteriores questionaram se se trata de um mapa astronômico prático ou de um objeto de caráter ritual e memorialístico.
Resultados e Metodologia
Buckstaff interpretou o artefato como uma representação do céu noturno, dividida ao meio por uma fileira central de estrelas pequenas — possivelmente a Via Láctea — diferenciando constelações de inverno e verão do hemisfério norte. Ele sugeriu que a disposição denota conhecimento sobre a sazonalidade estelar pelos Pawnee. No entanto, essa hipótese foi posteriormente refutada. Em 1982, o astrônomo Von Del Chamberlain argumentou que a chart não seria “nunca destinada ao uso como mapa estelar, mas sim como uma representação conceitual dos céus utilizada por sacerdotes Skiri.”
“The chart was probably never intended for use as a star map but rather as a conceptual depiction of the heavens used perhaps by Skiri priests.”
(“O gráfico provavelmente nunca foi destinado ao uso como mapa estelar, mas sim como uma representação conceitual dos céus usada talvez por sacerdotes Skiri.”)— Von Del Chamberlain, Astrônomo, Ballena Press
O antropólogo Douglas Parks, especialista em cultura Pawnee, apoiou a visão de Chamberlain em 1985, indicando que a peça servia como dispositivo mnemônico para preservar mitos de origem, em vez de registrar posições exatas das estrelas.
“The chart may have been used by priests or knowledge keepers to recount the origin myth of the Skiri world, rather than being a precise recording of the position of stars.”
(“O gráfico pode ter sido usado por sacerdotes ou guardiões do saber para recontar o mito de origem do mundo Skiri, em vez de ser um registro preciso da posição das estrelas.”)— Douglas Parks, Antropólogo, Indiana University
Implicações e Próximos Passos
A data exata de confecção e o significado pleno do artefato ainda permanecem em debate. Entretanto, estudiosos destacam sua singularidade na América do Norte indígena, sendo raro encontrar registros tão antigos de astronomia cerimonial. O gráfico, considerado um “retrato único dos céus”, ampliou o interesse em protocolos indígenas para conservação do conhecimento e oferece panorama valioso sobre práticas cosmológicas e narrativas míticas dos Pawnee. Especialistas indicam a necessidade de novas análises multidisciplinares, que podem abarcar arqueoastronomia, etnografia e tecnologia digital, para aprofundar a compreensão sobre o contexto de uso e significados atribuídos ao objeto.
Nos próximos anos, a expectativa é de que estudos continuem a examinar artefatos similares e suas funções no imaginário e organização social de povos nativos, com atenção especial para como tais peças informam sobre relações com o conhecimento natural e cosmológico.
Fonte: (Live Science – Ciência)