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Nova York — InkDesign News — Uma recente onda de pesquisas sobre estimulação do nervo vago vem trazendo avanços significativos no tratamento de doenças neurológicas e autoimunes. Após a aprovação, em julho de 2025, do primeiro dispositivo implantável para artrite reumatoide pelo FDA, especialistas destacam o potencial dessa técnica em condições variadas, de epilepsia à depressão resistente, marcando um novo capítulo na interface entre tecnologia e terapias médicas.
O Contexto da Pesquisa
A estimulação do nervo vago (ENV) deixou de ser apenas uma tendência em redes sociais, como o TikTok, para consolidar-se como abordagem baseada em evidências no tratamento de múltiplas patologias. O nervo vago, um dos mais longos do corpo humano, conecta o cérebro a diversos órgãos como coração, pulmões e trato digestivo, sendo fundamental para o equilíbrio entre os sistemas nervosos simpático e parassimpático.
“Pense nele como uma via de comunicação entre o cérebro e muitos órgãos, incluindo o coração, pulmões e o sistema digestivo.”
(“Think of it as ‘a communication pathway between the brain and many organs, including the heart, lungs, and digestive system.’”)— Dr. Mill Etienne, Professor Associado de Neurologia, New York Medical College
A FDA já aprovara a ENV para quadros como epilepsia, obesidade, enxaqueca, cefaleia em salvas, AVC, abstinência de opióides e, mais recentemente, artrite reumatoide.
Resultados e Metodologia
A ENV pode ser realizada tanto por meio de dispositivos implantáveis, que liberam impulsos elétricos em intervalos fixos, quanto por aparelhos externos aplicados na pele da orelha ou pescoço. Os resultados clínicos são expressivos: em casos de epilepsia, a ENV diminuiu hospitalizações e permitiu a redução de medicamentos anticonvulsivantes. Em pacientes com AVC, associada à fisioterapia, potencializou a plasticidade cerebral e a recuperação motora — veja mais.
Para controle de peso, ensaios mostraram que a ENV reduz sinais de fome enviados do estômago ao cérebro, promovendo emagrecimento modesto. No tratamento da depressão resistente, estudos relatam melhora comprovada em bem-estar e vitalidade após o uso do implante.
“O nervo vago influencia quase todos os principais sistemas do organismo. Por isso, estamos investigando se a ENV pode auxiliar em condições como síndrome do intestino irritável, Alzheimer, COVID longa e transtornos mentais.”
(“Because the vagus nerve influences almost every major organ system, scientists are investigating whether VNS could help with a wide range of conditions …”)— Dr. Mill Etienne, Professor Associado de Neurologia, New York Medical College
O dispositivo implantável recentemente aprovado para artrite reumatoide mostrou que, após 24 semanas, 51,5% dos usuários tiveram redução significativa dos sintomas inflamatórios. Já dispositivos portáteis para enxaqueca e abstinência de opioides apresentaram benefícios rápidos em testes duplo-cegos.
Implicações e Próximos Passos
Especialistas recomendam práticas naturais para estimular o nervo vago, tais como respiração profunda, meditação, banho de floresta, exposição ao frio e atividades musicais. Tais métodos, embora menos precisos do que dispositivos médicos, contribuem para o equilíbrio autonômico, reduzindo a predominância do sistema simpático, relacionado ao estresse.
Contudo, pesquisadores alertam para o risco de epidemias de “hacks” virais, frisando a diferença entre evidência clínica e a generalização de práticas caseiras:
“No laboratório, conseguimos modular fibras específicas do nervo vago para controlar frequência cardíaca ou inflamação. Já um banho gelado afeta todo o sistema nervoso, não apenas o nervo vago.”
(“In the lab, scientists can precisely target vagus nerve fibers to control heart rate or inflammation. An ice bath, by contrast, jolts the whole nervous system—not just the vagus nerve.”)— Dr. Kevin Tracey, Presidente, Feinstein Institutes for Medical Research
Os próximos anos deverão aprofundar o conhecimento do papel da ENV em doenças inflamatórias, neuropsiquiátricas e metabólicas. Estudos em andamento buscam precisão na estimulação e novas indicações clínicas, apontando para futuro de terapias personalizadas.
No horizonte, a ampliação do acesso a dispositivos não invasivos e o aperfeiçoamento das práticas integrativas figuram entre os possíveis caminhos. Novas regulamentações e pesquisas multicêntricas serão decisivas para consolidar a ENV como instrumento terapêutico multidisciplinar — conferindo novas perspectivas à medicina translacional.
Fonte: (Popular Science – Ciência)