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Austin — InkDesign News — Uma recente investigação conduzida por psicólogos clínicos nos Estados Unidos destaca o uso crescente dos chamados “banhos de som”, uma prática meditativa que utiliza instrumentos vibracionais como taças tibetanas, sinos e gongos, e que encontra adeptos especialmente desde a pandemia de COVID-19. O estudo, liderado por Tamara Goldsby, da University of California, se debruça sobre os efeitos fisiológicos e psíquicos desses eventos sonoros, em meio à ascensão da popularidade do bem-estar digital e do interesse científico pela influência da música sobre o corpo humano.
O Contexto da Pesquisa
Nos últimos anos, a procura por terapias alternativas para redução do estresse, ansiedade e sintomas depressivos se intensificou, motivando novos olhares sobre antigos recursos. Os banhos de som têm raízes em práticas ancestrais de civilizações como Egito, Grécia e sociedades do Himalaia, contudo sua sistematização no Ocidente é recente, impulsionada por influenciadores e pela busca por intervenções não farmacológicas para saúde mental. De acordo com Goldsby, instrumentos como taças tibetanas, gongos e sinos se destacam pela produção de vibrações que prometem modificar, de modo mensurável, a atividade cerebral e estados de relaxamento.
“O termo ‘banho de som’ pode ter significados distintos, mas define-se geralmente como uma forma de relaxamento, alívio do estresse e, em certos casos, cura, utilizando instrumentos vibracionais.”
(“The term ‘sound bath’ can mean different things to different people, but [it] is generally defined as a form of relaxation, stress relief, and, at times, healing that utilizes vibrational instruments.”)— Tamara Goldsby, Psicóloga Pesquisadora, University of California
Resultados e Metodologia
Embora a literatura científica ainda seja emergente, resultados de estudos recentes começam a trazer evidências sólidas: em uma pesquisa divulgada no periódico Religions (2022), 62 participantes foram submetidos a sessões de banho de som e apresentaram correlação significativa entre o aumento do bem-estar espiritual e a diminuição de tensão e depressão. Os benefícios foram mais notórios entre adultos de 31 a 40 anos. Outro estudo, publicado em 2023 no European Journal of Investigation in Health, Psychology and Education, utilizou taças tibetanas e constatou reduções expressivas nos níveis hormonais do eixo HPA, na ansiedade autorreferida e no aumento das ondas cerebrais alfa, comparativamente ao grupo controle — concluindo que “uma única sessão” já induz uma resposta fisiológica e psicológica de relaxamento baseada em evidências.
Goldsby esclarece que os mecanismos biológicos exatos permanecem em investigação, mas sugerem influência sobre padrões de ondas cerebrais — alfa, teta e delta — associados ao relaxamento profundo.
“O sistema corporal desacelera, saindo do modo de luta/fuga e entrando em estado de repouso e digestão. Respiração e batimentos cardíacos diminuem, músculos relaxam e o corpo retorna ao estado pré-estresse.”
(“The body’s system basically slows down, going out of fight-or-flight and into the rest-and-digest state. Breathing and heart rate slow, muscles relax, and the body returns to its pre-stress state.”)— Tamara Goldsby, Psicóloga Pesquisadora, University of California
Implicações e Próximos Passos
Se por um lado, a experiência é fortemente sensorial, com eventuais desconfortos físicos durante as sessões, por outro, os relatos de relaxamento intenso e alívio de sintomas ansiosos têm incentivado novas pesquisas. Especialistas alertam, contudo, para usos excessivamente comercializados e promessas sem base científica, como a suposta capacidade de curar doenças graves. Apesar das limitações metodológicas — incluindo possível efeito placebo — estudos com ensaios clínicos randomizados avançam para comprovação da eficácia.
A popularização dos banhos de som em spas, clínicas, eventos corporativos e até festivais sugere uma nova fronteira para terapias integrativas e medicina mente-corpo, mas pesquisadores reiteram a necessidade de mais estudos sobre biomarcadores, neurofisiologia e variabilidade cardíaca pós-sessão.
O campo da saúde integrativa observa atento: à medida que a ciência avança, espera-se que métodos rigorosos tragam respostas definitivas sobre a amplitude e os limites terapêuticos das ondas sonoras na saúde mental e física humana.
Fonte: (Popular Science – Ciência)