Pesquisa aponta teste de sangue para detecção precoce de câncer

Newport Beach, Califórnia — InkDesign News — Uma nova onda de exames de sangue para detecção precoce do câncer pode revolucionar a triagem oncológica após a aprovação do teste Shield pela FDA em julho de 2024. Pesquisadores afirmam que a tecnologia, baseada em biopsias líquidas, pode facilitar o diagnóstico e salvar vidas, reduzindo a necessidade de procedimentos invasivos.
O Contexto da Pesquisa
A busca por métodos menos invasivos de detecção de câncer tem sido destaque nas últimas décadas, impulsionada pela baixa adesão aos exames tradicionais, como a colonoscopia, principalmente em adultos de 45 a 75 anos. Estima-se que cerca de um terço dessas pessoas nunca realizou triagem, o que contribui para o câncer colorretal ser a segunda principal causa de morte por câncer. Dificuldades logísticas, constrangimentos e receios sobre os exames atuais reforçam a necessidade de alternativas simplificadas.
Resultados e Metodologia
O Shield, desenvolvido pela Guardant Health, identifica fragmentos de DNA de células tumorais ou de adenomas pré-cancerígenos no sangue. Em estudo com quase 10 mil pessoas, o teste detectou 83% dos casos confirmados de câncer colorretal; a taxa de falso-positivos foi de 10%. Para comparação, os exames de fezes detectam 92% e a colonoscopia 95%. Disponível comercialmente nos EUA e coberto pelo Medicare, o teste é recomendado a cada três anos. A perspectiva é que amplie o acesso ao diagnóstico precoce, especialmente entre quem evita métodos tradicionais.
“Eu achava que o médico estava errado. Não sentia nada. Mas era real; a colonoscopia mostrou.”
(“I thought [my doctor] was wrong. I go, ‘Nah, I don’t feel anything.’ But there it was. It was real; the colonoscopy showed it.”)— John Gormly, CEO, Newport Beach
Além do câncer de cólon, outras equipes trabalham em exames para detecção precoce de câncer de pâncreas, mama e estômago. Um grupo liderado pelo Dr. Ajay Goel, da Beckman Research Institute (Califórnia), desenvolveu exame sanguíneo capaz de identificar de 88% a 97% dos casos de câncer pancreático, ao analisar microRNAs e proteínas como CA-19. Os resultados, apresentados em abril de 2024 na American Association for Cancer Research, ainda aguardam revisão.
“Se cada vez mais conseguirmos descobrir esses cânceres no início, há esperança de cura para muitos pacientes.”
(“If you can find more and more of these cancers early on, there is a hope that many of these patients can be cured.”)— Ajay Goel, Professor, Beckman Research Institute
Implicações e Próximos Passos
Os estudos indicam que, apesar do potencial, os testes de sangue atuais ainda não suplantam exames-padrão como a colonoscopia. Questões como falsos positivos e sensibilidade inferior devem ser melhoradas para consolidarem-se como ferramenta de triagem. Especialistas ressaltam a importância de diretrizes clínicas claras para interpretações dos resultados, reduzindo ansiedade e procedimentos desnecessários.
A expectativa dos pesquisadores é ampla: Goel prevê a introdução comercial do teste pancreático em dois a quatro anos, enquanto o Shield pode ampliar a detecção em populações sub-representadas. Cientistas também investem em testes multicanal para rastreamento de múltiplos tumores com uma única amostra sanguínea, embora esses ainda estejam em fase experimental.
No cenário global, a adoção gradual desses exames pode modificar radicalmente as estratégias de combate ao câncer, aproximando diagnóstico e tratamento precoces — o que eleva taxas de sobrevivência.
O avanço desses métodos promete maior adesão à triagem e ampliação do acesso, mas seu impacto depende da contínua avaliação científica e revisão de práticas clínicas. Com novas pesquisas, a medicina pode se aproximar de um modelo de prevenção mais eficiente e menos invasivo.
Fonte: (Live Science – Ciência)