
Stanford, Califórnia — InkDesign News — Um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade Stanford projeta que, se o aquecimento global continuar em ritmo acelerado, a exposição à fumaça de incêndios florestais poderá causar cerca de 30 mil mortes adicionais por ano nos Estados Unidos até 2050. O trabalho destaca o impacto emergente da poluição por fumaça, cuja magnitude supera estimativas anteriores para danos climáticos no país.
O Contexto da Pesquisa
Pesquisadores vinham acompanhando o aumento dos incêndios florestais no oeste dos Estados Unidos e no Canadá, impulsionados por condições cada vez mais quentes e secas. A fumaça resultante tem se espalhado por áreas distantes, tornando-se uma experiência comum para milhões de pessoas em todo o território norte-americano. Estudos anteriores abordavam os efeitos de partículas finas (PM2.5) oriundas da poluição urbana, mas lacunas persistiam na avaliação do efeito tóxico de partículas vindas especificamente de incêndios florestais.
Resultados e Metodologia
Combinando registros de mortalidade em todos os condados dos EUA entre 2006 e 2019, medições atmosféricas e aprendizado de máquina, a equipe calculou a relação entre mudanças na concentração de fumaça e mortalidade. Projeções baseadas em modelos climáticos globais apontam que, sob cenários de emissões inalteradas, os óbitos atribuídos à exposição anual à fumaça de PM2.5 devem subir mais de 70% até 2050, totalizando cerca de 70 mil mortes anuais. Prejuízos econômicos podem chegar a US$ 608 bilhões por ano.
“Há uma compreensão generalizada de que a atividade de incêndios florestais e a exposição à fumaça estão mudando rapidamente. Nossa pesquisa quantifica o que essa mudança significa para a saúde pública, tanto agora quanto no futuro, à medida que o clima aquece.”
(“There’s a broad understanding that wildfire activity and wildfire smoke exposure are changing quickly. This is a lived experience, unfortunately, for folks on the West Coast over the last decade and folks on the East Coast in the last few years. Our paper puts some numbers on what that change in exposure means for health outcomes, both now and in the future as the climate warms.”)— Marshall Burke, Professor de Ciências Ambientais, Universidade Stanford
“O que observamos é um aumento nacional da fumaça dos incêndios. Embora as maiores elevações aconteçam na Costa Oeste, episódios massivos de fumaça atingem também regiões leste e meio-oeste dos EUA devido a incêndios canadenses.”
(“What we see, and this is consistent with what others find, is a nationwide increase in wildfire smoke. There are larger increases on the West Coast, but there’s also long-range transport of wildfire smoke across the country, including massive recent smoke events in the Eastern and Midwestern U.S. from Canadian fires.”)— Minghao Qiu, Professor Assistente, Stony Brook University
A análise revelou que nenhuma comunidade está isenta dos riscos, e os efeitos da exposição à fumaça podem se estender por até três anos após o contato inicial. Estados como Califórnia, Nova York, Washington, Texas e Pensilvânia lideram as projeções de crescimento nas mortes anuais.
Implicações e Próximos Passos
Os impactos sanitários e econômicos ligados à fumaça dos incêndios elevam a urgência de aprimorar avaliações de risco climático e políticas públicas. Atualmente, modelos de impacto do clima não incorporam plenamente os efeitos indiretos da fumaça, subestimando custos e desafios.
Medidas como filtragem de ar aprimorada em ambientes internos e queimadas prescritas podem ajudar a mitigar a exposição, especialmente em populações vulneráveis. Os autores ressaltam que a carga desse problema atinge diversos grupos, incluindo gestantes, crianças e portadores de doenças crônicas.
No horizonte, especialistas consideram fundamental refinar modelos climáticos, ampliar esforços de prevenção e proteção comunitária e incluir a poluição por fumaça de incêndios em todo planejamento de saúde pública. Apenas ações conjuntas poderão atenuar o peso crescente desse fenômeno sobre a sociedade e a economia.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)