
Oxford — InkDesign News — Um estudo recente, publicado pela Environmental Toxicology and Chemistry e conduzido pela Universidade de Oxford, revelou que populações de andorinhas-árvores nos Estados Unidos convivem com altos níveis de exposição aos chamados “químicos eternos”. Surpreendentemente, a pesquisa detectou que essa exposição não foi associada a prejuízos na saúde reprodutiva dessas aves.
O Contexto da Pesquisa
Desde que surgiram, as substâncias per- e polifluoroalquil (PFAS), nomeadas popularmente de “químicos eternos”, tornaram-se uma preocupação global. Amplamente usadas em indústrias, espumas de combate a incêndios e produtos cotidianos — como panelas antiaderentes e embalagens de alimentos —, elas possuem ligações químicas tão estáveis que praticamente não se degradam no ambiente. Essas substâncias já foram identificadas em locais variados: solo, água, vegetação, animais e até mesmo em seres humanos nos cinco continentes. Diversas pesquisas laboratoriais prévias já associaram PFAS a cânceres e distúrbios reprodutivos em humanos, enquanto seus efeitos ecológicos de longo prazo permaneciam nebulosos devido à falta de estudos de campo maiores.
Resultados e Metodologia
Para preencher essa lacuna, os pesquisadores monitoraram populações de andorinhas-árvores em múltiplos locais dos Estados Unidos, incluindo Willow Grove (Pensilvânia), Lakehurst (Nova Jersey), Camp Springs (Maryland), Chesapeake Beach (Maryland), Laurel (Maryland), Ashumet Pond (Massachusetts), Lake Elmo (Minnesota), Grey Cloud Island (Minnesota), Gibson City (Illinois) e Scanlon (Minnesota). Amostras de tecidos dos pássaros e de seu alimento foram analisadas para detectar concentrações de PFAS, enquanto as taxas de sucesso reprodutivo — do nascimento ao voo de filhotes — foram acompanhadas.
Os resultados indicaram que, mesmo em ambientes com elevados níveis desses poluentes, não houve associação estatisticamente significativa entre a exposição aos PFAS e desfechos reprodutivos negativos nas aves avaliadas. Avaliações abrangentes do desenvolvimento dos filhotes também não apontaram impactos nocivos. Uma concentração destacada de perfluorohexano sulfonato foi observada próxima a Cottage Grove (Minnesota), originando-se tanto de resíduos industriais quanto de usos urbanos.
“Apesar das diferenças nos níveis de exposição aos químicos eternos, não identificamos impacto significativo na probabilidade de nascimento ou desenvolvimento dos filhotes.”
(“Despite differences in exposure levels to these chemicals, we did not identify significant impact on hatching or fledging success in chicks.”)— Equipe de Pesquisa, Universidade de Oxford
Implicações e Próximos Passos
Os autores destacam que, apesar das preocupações, os dados de campo sugerem resiliência das populações de andorinhas-árvores frente à exposição ambiental dessas substâncias. No entanto, ressaltam as limitações do estudo e sinalizam que novas pesquisas são necessárias para entender potenciais efeitos cumulativos, outras variáveis ecológicas influenciadas e possíveis consequências em longo prazo em outros organismos não estudados.
“Há muito mais a se investigar sobre os impactos ecológicos complexos desses compostos em ambientes naturais.”
(“There is much more to investigate about the complex ecological impacts of these compounds in natural environments.”)— Pesquisador líder, Universidade de Oxford
Especialistas ponderam que o cenário descoberto pode não ser replicável a todas as espécies ou contextos ambientais, ampliando o alerta para a necessidade de estudos de campo diversificados e investigações sobre o acúmulo das substâncias em cadeias alimentares.
No horizonte, a comunidade científica projeta que novas pesquisas sobre os chamados “químicos eternos” serão fundamentais para embasar regulações e estratégias de mitigação, tanto para a preservação de ecossistemas quanto para a saúde humana.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)