
Port-au-Prince — InkDesign News — A ameaça de inundações catastróficas paira sobre Haiti e República Dominicana após a formação da Tempestade Tropical Melissa, que avança pelo Caribe com potencial para ganhar força de furacão até o sábado, segundo previsão do Centro Nacional de Furacões dos EUA. A pesquisa destaca que Melissa é sustentada por temperaturas oceânicas recordes — um fator cada vez mais atribuído às mudanças climáticas, de acordo com análise inédita da Universidade do Arizona.
O Contexto da Pesquisa
No fim da temporada de furacões do Atlântico, cientistas observam que o Caribe como principal região de formação de tempestades tropicais em outubro, especialmente quando a chamada “cisalhamento do vento” (vento cortante em diferentes altitudes) enfraquece na região. Estudos recentes mostram que, mesmo próximo do final do período crítico, as águas superficiais do Caribe permaneceram entre as mais quentes já registradas nesta época do ano. Relatórios apontam: esta elevação de temperatura foi 0,5 ºC acima do observado em quase todos os anos, exceto 2023 e 2024, tornando eventos como Melissa de 500 a 800 vezes mais prováveis.
A versão oceânica do índice Climate Shift mostra o quanto as mudanças climáticas causadas pelo homem aumentaram as chances de calor incomum na superfície do mar.
(“The oceanic version of the Climate Shift Index… shows the amount by which human-caused climate change has raised the odds of unusual warmth in sea surface temperatures.”)— Climate Central
Resultados e Metodologia
Melissa, nomeada no dia 21 de outubro, localizava-se a 490 quilômetros ao sul de Porto Príncipe já com ventos sustentados de 85 km/h, movendo-se a 22 km/h rumo oeste-noroeste. Modelos do Centro Nacional de Furacões e ferramentas de inteligência artificial de previsão de trajetória, como Google DeepMind, ainda divergem sobre o destino da tempestade, mas há grande consenso quanto à intensificação nas próximas 72 horas.
Segundo a previsão oficial, volumes de chuva de 200 a 300 mm são esperados ao sul de Hispaniola até a sexta-feira, com médias mais amplas de 100 a 150 mm. Especialistas alertam para a possibilidade de o fenômeno seguir trajetória semelhante à do furacão Matthew, em 2016, ou Wilma, em 2005, que ocasionaram mortes em massa e prejuízos bilionários na região.
Pobreza, instabilidade governamental e desmatamento aumentaram a vulnerabilidade do Haiti ao tipo de desastre que Melissa pode causar.
(“Poverty, governmental instability, and deforestation have left Haiti extremely vulnerable to the kind of disaster Melissa could inflict.”)— Reportagem Live Science
Além das águas superficiais muito quentes, há profundo estoque de calor oceânico, desfavorecendo a dissipação rápida de Melissa, conforme simulações recentes de modelos como o SHIPS, que sugerem até 25% de chance de intensificação para categoria 3 em poucas horas.
Implicações e Próximos Passos
O cenário exposto pela tempestade Melissa ressalta o impacto crescente das alterações climáticas na frequência e intensidade de fenômenos tropicais no Caribe, região historicamente castigada por furacões recentes. Há preocupação dos meteorologistas quanto à precisão dos modelos diante de sistemas lentos e relativamente novos, ressaltando a importância do acompanhamento contínuo e da atualização dos protocolos de emergência em áreas vulneráveis.
Pesquisadores indicam que o avanço de métodos como modelos AI — que já demonstraram acurácia em previsões complexas — pode aprimorar alertas e estratégias de mitigação para populações em risco, especialmente com a expectativa de temporadas cada vez mais intensas no futuro próximo.
A perspectiva é de continuidade de chuvas extremas e risco persistente de deslizamentos nas próximas semanas, exigindo ações de monitoramento rigorosas dos órgãos meteorológicos e defesa civil do Caribe. O progresso científico em torno das causas e prevenção de desastres relacionados ao clima permanece fundamental para reduzir impactos sociais e econômicos das tempestades tropicais nas próximas décadas.
Fonte: (Live Science – Ciência)