Parlamentares dizem sofrer descontos ilegais no INSS e cobram ação do Congresso

Brasília — InkDesign News — Dois parlamentares brasileiros, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade) e o senador Jayme Campos (União-MT), denunciaram terem sido vítimas de descontos irregulares em seus benefícios previdenciários, conforme revelado após operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) em 23 de abril. O episódio motiva pedido de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar fraudes envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Contexto político
Tramita no Congresso Nacional o requerimento para a instalação de uma CPMI com o objetivo de investigar os descontos não autorizados em benefícios previdenciários, fenômeno que, segundo as investigações da Polícia Federal e da CGU, pode ter causado prejuízos de até R$ 6 bilhões. O pedido conta com ampla articulação da oposição, reunindo 259 assinaturas, incluindo as dos parlamentares afetados pela irregularidade.
Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, declarou que sofreu descontos na contribuição ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi) por período de pelo menos dois anos, totalizando valores na casa dos R$ 81,57 mensais. O Sindnapi, embora ligado à Força Sindical, tem gestão atual diferente, com influência de aliados do PDT, partido associado ao governo Lula.
Já o senador Jayme Campos relatou descontos realizados pela Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas (CAAP), iniciados em março de 2023, com valores que passaram de R$ 77,86 para R$ 81,57 mensais, totalizando mais de R$ 1 mil. Ambos os parlamentares afirmam não terem autorizado os débitos.
Reações e debates
“Eu só fui verificar o desconto após sair na imprensa. Nunca tinha percebido, mas os descontos acontecem há dois anos”
— Paulinho da Força, Deputado Federal
O Sindnapi contestou o deputado, afirmando que ele é fundador e mantém associação formal à entidade, justificando a cobrança. Por outro lado, Jayme Campos classificou as fraudes como um “escárnio” e declarou que os responsáveis devem ser punidos.
“Já tinha assinado o pedido da CPMI, independentemente de saber do meu desconto. É um absurdo lesar o aposentado. Eu, que tenho informação, nunca me preocupei em olhar. Foi após a operação que meu contador foi verificar e encontrou os descontos. É desonestidade, é um escândalo no país inteiro”
— Jayme Campos, Senador da República
A controvérsia ganhou destaque na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, sinalizando potencial tensão política diante do crescimento das investigações e pressão da oposição a respeito da condução do INSS no atual governo.
Desdobramentos e desafios
A CPMI, ainda em fase de articulação formal, enfrenta o desafio de consolidar uma agenda de investigação que possa identificar e punir os responsáveis por descontos não autorizados em benefícios previdenciários, tema que suscita repercussões diretas na credibilidade das instituições de proteção social.
Para as próximas etapas, espera-se que o colegiado aprofunde a análise das fraudes e proponha medidas para melhorar o controle sobre os descontos na folha de pagamento do INSS. Além disso, o impacto social da operação evidencia a necessidade de maior transparência e mecanismos de fiscalização eficazes para evitar prejuízos a aposentados e pensionistas.
O cenário político também poderá ser afetado pela instabilidade causada pelas denúncias, sobretudo em relação à posição do governo em torno da gestão do sistema previdenciário, tema estratégico para a base governista.
O aprofundamento das investigações e o desdobramento legislativo contribuirão para definir o futuro da agenda de combate às fraudes previdenciárias no Brasil, sinalizando o rumo das políticas públicas e a presença do Estado no sistema de proteção social.
Fonte: (CNN Brasil – Política)