Organos disponíveis em corpos humanos vivos impulsionam avanços em biomanufatura

São Paulo — InkDesign News — A biotecnologia avança na criação de embriões sintéticos, conhecidos como “bodyoids”, que desafiam definições tradicionais de embriões humanos e abrem novas possibilidades na pesquisa em saúde, especialmente no desenvolvimento de terapias e na redução do uso de animais em testes.
Contexto científico
Os bodyoids são estruturas criadas a partir de células-tronco humanas que mimetizam características de embriões em desenvolvimento, mas sem a necessidade de fertilização por espermatozoide e óvulo. A equipe liderada pela bióloga do desenvolvimento Naomi Moris, do Crick Institute, em Londres, discute a complexidade em definir o que constitui um embrião humano.
“Is it the thing that is only generated from the fusion of a sperm and an egg?”
(“Seria aquilo que é gerado somente a partir da fusão de um espermatozoide e um óvulo?”)— Naomi Moris, Bióloga do Desenvolvimento, Crick Institute, Londres
Essa abordagem vem para complementar os desafios enfrentados por pesquisas que dependem do uso de animais, onde a eficácia dos medicamentos testados em modelos não humanos frequentemente não se traduz em sucesso em humanos, aumentando desperdício de tempo e vidas.
Metodologia e resultados
Diversos laboratórios empregam técnicas avançadas como edição genética com CRISPR, cultivo em biorreatores e métodos de organoides para desenvolver esses modelos sintéticos. Além dos bodyoids, avanços em “órgãos em chips” e gêmeos digitais ampliam a capacidade de simular respostas biológicas humanas para testes de fármacos.
Os “órgãos em chips” são pequenos dispositivos que organizam células humanas em estruturas tridimensionais para reproduzir funções fisiológicas, enquanto os gêmeos digitais criam modelos computacionais detalhados que podem simular ensaios clínicos in silico.
“Both of these approaches seem somehow more palatable to me, personally, than running experiments on a human created without the capacity to think or feel pain.”
(“Pessoalmente, essas duas abordagens me parecem mais aceitáveis do que realizar experimentos em um ser humano criado sem a capacidade de pensar ou sentir dor.”)— Autor do artigo, MIT Technology Review
Implicações clínicas
Enquanto a regulamentação sobre o uso de embriões sintéticos ainda está em desenvolvimento, as tecnologias que simulam respostas humanas prometem acelerar a aprovação de novos medicamentos, reduzir a dependência de modelos animais e evitar testes potencialmente controversos em humanos. A história da fertilização in vitro, inicialmente criticada e hoje consolidada, oferece um paralelo na aceitação provável dessas inovações.
Esses avanços trazem a perspectiva de ensaios clínicos mais eficientes e personalizados, aumentando a segurança e eficácia dos tratamentos médicos.
O futuro da biotecnologia em saúde aponta para uma integração crescente dessas tecnologias, ampliando nosso entendimento da biologia humana e melhorando o desenvolvimento terapêutico.
Fonte: (MIT Technology Review – Biotecnologia e Saúde)