
Columbus, Ohio — InkDesign News — Uma nova linha de pesquisa conduzida por cientistas do Laboratório de Ciência do Esporte da Universidade Estadual de Ohio lança luz sobre a real causa das câimbras musculares durante a prática esportiva. O estudo revela que fatores relacionados à superfície de jogo podem ser tão decisivos quanto hidratação e eletrólitos, influenciando diretamente o risco de fadiga neuromuscular e espasmos em atletas, segundo artigos publicados entre 2023 e 2024.
O Contexto da Pesquisa
Historicamente, a comunidade científica relacionou as câimbras induzidas por exercício à desidratação ou desequilíbrios eletrolíticos. No entanto, relatos de atletas bem hidratados que sofrem espasmos musculares levaram à busca por outros fatores. “A explicação tradicional deixava muitas perguntas sem resposta. Por que alguns atletas têm câimbras mesmo estando bem hidratados e outros não, mesmo sob calor intenso?”, questionou o fisiologista esportivo Michael Behringer, citando pesquisas recentes no tema.
Resultados e Metodologia
O grupo de pesquisa analisou como diferentes características das superfícies esportivas—rigidez e elasticidade—podem antecipar a fadiga neuromuscular. Sérios indícios apontam que essas condições alteram o padrão de ativação muscular e, portanto, o risco de câimbras. Um dos estudos revisados encontrou uma diferença de 13% na atividade muscular em corredores submetidos a gramados de diversas composições. Outro, avaliando jogadores de futebol, revelou até 50% de variação na solicitação dos músculos posteriores da coxa ao alternar o tipo de gramado durante treinos idênticos.
“À medida que os músculos se cansam, ocorre um desbalanço entre os sinais para contrair e relaxar.”
(“As muscles fatigue, the normal balance between signals in the nervous system that direct muscles to contract and relax become disrupted.”)— Andrew R. Jagim, PhD, pesquisador em fisiologia do exercício, Mayo Clinic
Surpreendentemente, a pesquisa não aponta as propriedades da superfície em si como causa central das câimbras, mas sim o quanto são diferentes daquelas às quais o atleta está habituado. Equipes que treinam em pisos macios e competem em solos rígidos, por exemplo, têm maior risco de fadiga precoce e espasmos.
Implicações e Próximos Passos
Esse novo entendimento propõe que a prevenção às câimbras em esportes coletivos deve ir além dos cuidados nutricionais e de hidratação, incluindo a adaptação sistemática a diferentes superfícies de jogo—com treinos simulando as exigências mecânicas específicas do local da competição.
“Condicionar atletas em superfícies que simulam os desafios competitivos aclimata o sistema neuromuscular, reduzindo o risco de fadiga e, consequentemente, de câimbras.”
(“Conditioning on surfaces that replicate competitive demands acclimatizes the neuromuscular system, lowering fatigue risk and potentially reducing the risk of cramps.”)— Rafael Timon, doutor em ciência do esporte, Universidad Europea de Madrid
O avanço para biossensores vestíveis capazes de monitorar fadiga em tempo real e sistemas de aprendizado de máquina para prever risco individualizado de câimbra é visto como um caminho promissor. Especialistas defendem a criação de bancos de dados regionais sobre propriedades mecânicas de quadras e campos, permitindo ajustes em treinamentos e prevenções específicas.
O futuro da pesquisa, segundo especialistas, mostra-se colaborativo: integrando ciência esportiva, engenharia de materiais e tecnologia, busca-se que câimbras sejam previstas e melhor geridas, não mais um fator inevitável nas quadras ou campos.
Fonte: (Live Science – Ciência)