
Sharjah — InkDesign News — Um novo estudo publicado nesta semana na Advances in Integrative Medicine desafia crenças estabelecidas ao revelar que a yoga pode ser menos eficiente do que exercícios convencionais para melhorar a saúde vascular. Conduzida por pesquisadores da Universidade de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, a pesquisa analisou efeitos comparativos de diferentes modalidades de atividade física em adultos sedentários, destacando a importância do tipo e intensidade dos exercícios para a função dos vasos sanguíneos.
O Contexto da Pesquisa
Pesquisas anteriores já alertavam para os riscos do comportamento sedentário, principalmente em relação ao comprometimento da função vascular e ao aumento da incidência de doenças cardiovasculares — patológicas que, em 2023, atingiam mais de 620 milhões de pessoas mundialmente. A yoga figura entre as práticas mais difundidas (cerca de 300 milhões de praticantes), muitas vezes promovida como capaz de oferecer benefícios holísticos à saúde cardiovascular. O novo estudo, entretanto, demanda uma análise mais detalhada e comparativa, integrando dados de ensaios clínicos randomizados, estudos cruzados e análises não randomizadas.
Resultados e Metodologia
Os cientistas se debruçaram sobre estudos com adultos sedentários, avaliando intervenções como yoga, Tai Chi, Pilates e treinamentos intervalados de alta intensidade. Utilizando ultrassonografia, mensuraram a função vascular, definida como a capacidade dos vasos em transportar sangue de maneira eficiente, mantendo elasticidade e responsividade — fatores cruciais para a saúde do coração.
“Pense nos vasos sanguíneos como mangueiras de jardim flexíveis. Se eles enrijecem, o risco de ataques cardíacos e derrames aumenta. Nosso estudo demonstra que exercícios estruturados mantêm essas mangueiras flexíveis, enquanto a yoga fornece alguns benefícios, mas não tão consistentemente. Adultos de meia-idade e idosos frequentemente notam melhoras com yoga, mas os mais jovens podem não perceber.”
(“Think of blood vessels like flexible garden hoses. If they stiffen, the risk of heart attacks and strokes increases. Our study shows that structured exercise keeps those hoses flexible, while yoga provides some benefits but not as reliably. Middle-aged and older adults often notice improvements from yoga, but younger adults might not.”)— Dra. Leena David, especialista em diagnóstico por imagem, Universidade de Sharjah
Os resultados apontam que modalidades convencionais como Tai Chi, Pilates e exercícios intervalados superam a yoga na melhora da função vascular em indivíduos sedentários. A pesquisa enfatiza ainda que a regularidade e a intensidade das atividades físicas são determinantes no fortalecimento das artérias, sugerindo que “mesmo rotinas simples podem tornar as artérias mais resilientes”.
Implicações e Próximos Passos
Apesar de a yoga permanecer uma prática acessível e de profundo significado cultural, o estudo recomenda sua associação a formas mais vigorosas de exercício para se alcançar benefícios cardiovasculares consistentes. A equipe destaca a necessidade de campanhas de saúde pública reforçando a premissa de que “movimento é o antídoto perfeito” para os malefícios do sedentarismo.
“Yoga possui raízes culturais profundas e apresenta potencial como intervenção inclusiva e acessível à saúde.”
(“Yoga has deep cultural roots and shows promise as an inclusive, accessible health intervention.”)— Dra. Leena David, Universidade de Sharjah
O artigo sugere que o setor fitness e de saúde digital pode aproveitar essas descobertas para criar programas personalizados e tecnologias que incentivem populações sedentárias a aderirem a modalidades mais ativas.
No futuro, a recomendação é que orientações médicas passem a valorizar não apenas o emagrecimento, mas a promoção da saúde vascular por meio de exercícios variados. Conforme sintetiza a autora, campanhas poderiam “encorajar a combinação de exercícios e yoga para tornar a saúde do coração mais acessível e culturalmente apropriada”.
Conclui-se que, embora não seja suficiente para todos os perfis, a yoga ainda representa alternativa valiosa, especialmente para idosos ou pessoas com limitações frente a treinos de alto impacto. O caminho futuro aponta para estratégias que combinem tradição, ciência e inclusão, assegurando ganhos significativos para a saúde da população global.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)