Nova pesquisa sugere planeta Y do tamanho da Terra no Sistema Solar

Princeton — InkDesign News — Astrônomos de Princeton sugerem que um planeta desconhecido, apelidado de “Planeta Y”, pode habitar as profundezas do Sistema Solar. A pesquisa, publicada em agosto no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, levanta a hipótese de que este mundo rochoso, com massa entre as de Mercúrio e a Terra, estaria localizado além da órbita de Netuno.
O Contexto da Pesquisa
O interesse por um nono planeta ressurgiu em 2016, quando astrônomos do Caltech propuseram a hipótese do “Planeta Nove” (ou “Planeta X”), impulsionada por órbitas anômalas de grandes objetos além de Netuno. A busca por corpos distantes se intensificou após décadas do rebaixamento de Plutão à categoria de planeta anão. Agora, um novo grupo de pesquisadores postula que outra anomalia, identificada pela inclinação de cerca de 50 objetos do Cinturão de Kuiper, poderia ser a assinatura gravitacional de mais um planeta até então invisível.
Resultados e Metodologia
O estudo liderado pelo astrofísico Amir Siraj, da Universidade de Princeton, analisou as trajetórias de 50 objetos transnetunianos, revelando uma inclinação média de aproximadamente 15 graus em relação ao plano orbital dos planetas do Sistema Solar. Após testar hipóteses alternativas, os autores concluíram que um corpo celeste não identificado é a explicação mais provável para o fenômeno.
“Começamos tentando encontrar explicações que não envolvessem um planeta para justificar a inclinação, mas o que descobrimos é que realmente seria necessário haver um planeta ali.”
(“We started trying to come up with explanations other than a planet that could explain the tilt, but what we found is that you actually need a planet there.”)— Amir Siraj, Astrofísico, Universidade de Princeton
Segundo os cálculos, o chamado Planeta Y teria massa entre Mercúrio e a Terra e estaria situado entre 100 e 200 vezes a distância da Terra ao Sol — significativamente mais próximo que o hipotético Planeta X, estimado a pelo menos 400 vezes essa distância. Sua órbita inclinada em até 10 graus dificultaria a detecção direta, pois refletiria pouca luz para os telescópios terrestres.
Implicações e Próximos Passos
Apesar do entusiasmo, parte da comunidade científica permanece cética quanto à robustez dos resultados, citando o tamanho limitado da amostra como fator de incerteza. A astrônoma Samantha Lawler, da Universidade de Regina (Canadá), afirmou que as evidências ainda são insuficientes para confirmar a existência do novo planeta:
“As conclusões não são definitivas, especialmente devido à pequena amostra de objetos considerados neste estudo.”
(“The findings were ‘not definitive,’ largely because of the small sample size of KBOs included in the study.”)— Samantha Lawler, Astrônoma, Universidade de Regina
O recém-operacional Observatório Vera C. Rubin, no Chile, deverá impulsionar a busca por respostas ao realizar o levantamento de milhares de novos corpos do Cinturão de Kuiper nos próximos anos. Conforme destacou Siraj, a confirmação — ou refutação — da existência do Planeta Y pode estar cada vez mais próxima.
O panorama permanece incerto: outras explicações para as anomalias observadas incluem desde pequenas luas, planetas expulsos de outros sistemas até propostas radicais como buracos negros primordiais ou formas alternativas de gravitação. Novas descobertas, inclusive de planetas anões como 2017 OF201 e 2023 KQ14, desafiam os modelos estabelecidos e mantêm em aberto o enigma dos confins do Sistema Solar.
À medida que mais instrumentos avançados entram em operação e catálogos de corpos distantes crescerem, espera-se que nos próximos anos se consolide um entendimento definitivo sobre a existência, ou não, de novos planetas no nosso quintal cósmico.
Fonte: (Live Science – Ciência)