
Credit: National Museums Scotland / Brennan Stokkermans
Isle of Skye, Escócia — InkDesign News — Uma equipe internacional de paleontólogos anunciou, em estudo publicado em 1º de outubro na revista Nature, a descoberta de um fóssil extremamente raro do período Jurássico batizado de Breugnathair elgolensis. O achado, feito na Ilha de Skye, no oeste da Escócia, revela um ancestral reptiliano com traços de serpentes e lagartos, datado de cerca de 167 milhões de anos.
O Contexto da Pesquisa
A região da Ilha de Skye é conhecida por seus ricos depósitos fósseis, os quais registram etapas cruciais de diversificação dos principais grupos de répteis atuais. Até o momento, fósseis de esquamatas — grupo que inclui lagartos e serpentes — desse período eram incompletos e fragmentários, dificultando a compreensão da origem e evolução desses animais. Segundo nota da University College London, a descoberta preenche uma lacuna sobre os primeiros predadores do grupo Parviraptoridae.
“Os depósitos fósseis do Jurássico na Ilha de Skye são de importância mundial para nosso entendimento sobre a evolução precoce de muitos grupos vivos, incluindo os lagartos, que estavam começando sua diversificação naquele período.”
(“The Jurassic fossil deposits on the Isle of Skye are of world importance for our understanding of the early evolution of many living groups, including lizards, which were beginning their diversification at around this time.”)— Susan Evans, paleontóloga, University College London
Resultados e Metodologia
O fóssil de B. elgolensis surpreendeu os pesquisadores por unir características de serpente, como mandíbulas e dentes curvados semelhantes a um píton, com corpo curto e membros robustos típicos de lagartos. Medindo cerca de 40 cm — similar a um gato pequeno —, o animal teria sido um dos maiores répteis de seu ecossistema e provavelmente predava lagartos menores, mamíferos e possivelmente pequenos dinossauros.
A análise detalhada do esqueleto revelou que as primeiras interpretações fragmentárias eram equivocadas. Inicialmente, acreditava-se que os ossos pertenciam a duas espécies distintas. Após anos de pesquisa, ficou comprovado que tratava-se de um representante bizarro dos Parviraptoridae, grupo de predadores esquamatos pouco conhecido e primitivo.
“Talvez isso nos diga que ancestrais das serpentes eram muito diferentes do que supúnhamos, ou pode ser evidência de que hábitos predatórios semelhantes aos das serpentes evoluíram separadamente em grupos extintos e primitivos.”
(“This might be telling us that snake ancestors were very different to what we expected, or it could instead be evidence that snake-like predatory habits evolved separately in a primitive, extinct group.”)— Roger Benson, pesquisador, American Museum of Natural History
Implicações e Próximos Passos
A descoberta de B. elgolensis reforça a complexidade dos caminhos evolutivos dos répteis e sinaliza a possibilidade de que traços morfológicos avançados podem ter evoluído de forma independente em linhagens primitivas. O fóssil contribui para debates sobre as origens dos esquamatas e desafia hipóteses anteriores de ancestralidade linear entre lagartos e serpentes. Entretanto, os autores reconhecem que a escassez de fósseis dificulta respostas definitivas e sugerem que a espécie pode representar um “stem-squamate” — um antepassado comum a lagartos e serpentes, com traços únicos desenvolvidos de forma independente.
Os próximos anos devem ser marcados por novas buscas fósseis e análises morfológicas, visando compreender as trajetórias evolutivas destes répteis jurássicos e seu papel na diversificação dos vertebrados terrestres.
Fonte: (Popular Science – Ciência)