
Cabo Canaveral, Flórida — InkDesign News — Uma equipe internacional lançou, nesta quarta-feira (24 de setembro), o Carruthers Geocorona Observatory, missão da NASA que promete mapear os limites mais externos da atmosfera da Terra — um halo esmaecido de hidrogênio chamado “geocorona” — a partir do ponto Lagrange L1, situado entre a Terra e o Sol, ao longo dos próximos dois a três anos.
O Contexto da Pesquisa
O novo observatório homenageia Dr. George Carruthers, físico e engenheiro que, há mais de 50 anos, idealizou a primeira câmera ultravioleta (UV) para captar imagens da geocorona durante a missão Apollo 16, em 1972. Naquela ocasião, imagens obtidas do aparato instalado nas Highlands de Descartes, na Lua, forneceram um raro vislumbre desse fenômeno atmosférico. No entanto, o próprio Carruthers reconheceu limitações do equipamento pioneiro.
“Mesmo uma câmera tão distante quanto a Lua não capturou a exosfera em sua totalidade.”
(“Even a camera as far away as the Moon couldn’t capture the exosphere in its entirety.”)— Dr. George Carruthers, Engenheiro e Físico, NRL
Recentemente, avanços em imageamento UV permitiram desenvolver instrumentos capazes de examinar tanto o campo amplo quanto detalhes pontuais das interações entre a alta atmosfera terrestre e partículas solares.
Resultados e Metodologia
O observatório decolou do Kennedy Space Center, na Flórida, e trilhará o mesmo caminho de missões como a Interstellar Mapping and Acceleration Probe (IMAP, NASA) e o Space Weather Follow-on Lagrange-1 (SWFO-L1, NOAA). Posicionado a 1,6 milhão de quilômetros da Terra e quatro vezes a distância da Lua, no ponto L1, o satélite iniciará operações em março do próximo ano. O foco será monitorar a exosfera — camada superior que se estende a partir de 480 km até metade do caminho lunar.
Diferentemente do modelo original de Carruthers, a nova geração de câmeras conjuga imageadores de campo amplo e de alta definição. A principal inovação está na capacidade de investigar a dinâmica de perda de hidrogênio terrestre, elemento central na composição da água — e, portanto, essencial à manutenção da vida.
“Compreender como ocorre essa perda de hidrogênio pode ajudar os cientistas a restringir a busca por exoplanetas potencialmente habitáveis com quantidades adequadas de água.”
(“Understanding how that hydrogen loss happens could help scientists narrow the search for potential exoplanets with sufficient amounts of water to potentially be habitable.”)— Especialistas da NASA
Implicações e Próximos Passos
Ao captar imagens abrangentes da geocorona, os pesquisadores esperam quantificar a taxa de fuga de hidrogênio e aprofundar o conhecimento sobre a interação entre vento solar e atmosfera terrestre. A análise desses processos é considerada estratégica para caracterizar mundos habitáveis fora do Sistema Solar, além de apoiar pesquisas sobre as condições que asseguram a estabilidade da água em planetas semelhantes à Terra.
Se os equipamentos se mostrarem robustos durante o período operacional de dois anos, a missão pode ser estendida, otimizando a coleta de dados em larga escala — um marco inédito desde o protótipo de Carruthers, falecido em 2020. Especialistas veem no projeto um catalisador para futuras missões de monitoramento atmosférico e busca por vida em exoplanetas distantes.
O início das operações do Carruthers Geocorona Observatory representa não apenas a concretização de um sonho científico de meio século, mas também um salto metodológico para a astrobiologia e a climatologia planetária. Novos desdobramentos podem culminar em protocolos mais precisos para identificação de planetas habitáveis e técnicas de preservação atmosférica.
Fonte: (Live Science – Ciência)