
São Paulo — InkDesign News — Uma nova pesquisa revela que a radiação no ambiente de Enceladus, a lua de Saturno, pode desempenhar um papel significativo na formação de compostos orgânicos, desafiando noções anteriores sobre a origem dessas moléculas em meio à água subterrânea.
Contexto da descoberta
A lua Enceladus é conhecida por seus gêiseres ativos que ejetam vapor d’água e partículas de gelo, resultado de um oceano subterrâneo. Descobertas anteriores, principalmente pela sonda Cassini da NASA, identificaram compostos orgânicos nas plumas, levando pesquisadores a acreditar que esses materiais eram derivados do oceano abaixo da superfície.
Métodos e resultados
Dr. Grace Richards e sua equipe simularam a composição do gelo nas «tiger stripes», fissuras na região polar sul de Enceladus. Essa simulação envolveu gelo composto por água, dióxido de carbono, metano e amônia, resfriado a -200 graus Celsius. O gelo foi bombardeado com íons para replicar o ambiente de radiação ao redor da lua. Os resultados mostraram a formação de diversas espécies moleculares, incluindo monóxido de carbono e precursores de aminoácidos.
“Moléculas consideradas prebiológicas poderiam plausivelmente se formar in situ através do processamento por radiação, em vez de necessariamente originarem do oceano subterrâneo”
(“Molecules considered prebiotic could plausibly form in situ through radiation processing, rather than necessarily originating from the subsurface ocean.”)— Dr. Grace Richards, Pesquisadora, Istituto Nazionale di Astrofisica e Planetologia Spaziale
Implicações e próximos passos
Os novos dados levantam questões sobre a astrobiologia de Enceladus. Os compostos formados pela radiação não descartam a possibilidade de habitabilidade do oceano subterrâneo, mas indicam que as plumas podem não ser evidências diretas de vida. “Entender como diferenciar entre orgânicos derivados do oceano e moléculas formadas pela radiação será desafiador” afirmou Dr. Richards.
Os pesquisadores reconhecem a necessidade de mais dados de futuras missões espaciais para compreender melhor a química de Enceladus, incluindo uma missão proposta que está sendo considerada no programa científico da ESA até 2050.
Essas descobertas podem redefinir o que sabemos sobre o potencial para vida fora da Terra, e futuras pesquisas podem nos fornecer uma visão mais clara sobre as condições em luas de outros planetas gasosos.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)