
São Paulo — InkDesign News — Astrônomos capturaram pela primeira vez uma imagem de rádio mostrando dois buracos negros supermassivos orbitando um ao outro, confirmando uma previsão que intrigou cientistas por décadas. A imagem foi divulgada recentemente e revela um par desses corpos cósmicos interagindo dentro de um quasar conhecido como OJ287, localizado a cerca de 5 bilhões de anos-luz de distância na constelação de Câncer.
Detalhes da missão
O quasar OJ287 tem sido monitorado por mais de um século, com suas características sendo observadas em ciclos regulares. A atenção crescente começou em 1982, quando o astrônomo finlandês Aimo Sillanpää notou um padrão de brilho que se intensificava e diminuía em ciclos de 12 anos, levantando a hipótese de que dois buracos negros poderiam estar orbitando um ao outro. O registro e análise de dados foi intensificado ao longo dos anos até que, finalmente, observações de rádio combinaram telescópios terrestres com o satélite RadioAstron, permitindo uma resolução inédita.
Tecnologia e objetivos
O RadioAstron, um telescópio de rádio russo que operou de 2011 a 2019, possibilitou uma visualização aproximadamente 100.000 vezes mais nítida do que as imagens ópticas típicas. Essa combinação de telescópios permitiu confirmar que os buracos negros estavam exatamente onde se esperava, reforçando a teoria de que eles compartilham o mesmo núcleo galáctico. “Quando pesquisadores compararam a nova imagem de rádio com cálculos teóricos anteriores, ‘os dois buracos negros estavam na imagem, exatamente onde deveriam estar’”, contou Mauri Valtonen, astrônomo da Universidade de Turku, na Finlândia.
A identificação visual dos buracos negros é limitada, pois eles em si são imperceptíveis, mas podem ser detectados pelos jatos de partículas ou pela luz do gás aquecido ao seu redor.
(“The black holes themselves are perfectly black, but they can be detected by these particle jets or by the glowing gas surrounding the hole.”)— Mauri Valtonen, Astrônomo, Universidade de Turku
Próximos passos
Os próximos passos incluem investigações adicionais para entender melhor a dinâmica dos buracos negros binários. Valtonen observou que o jato do buraco negro menor é “torcido como um jato de mangueira de jardim rotacionando”, causado pelo seu movimento rápido em torno do buraco maior. Isso oferece uma oportunidade única de estudar seu movimento em tempo real ao longo do ciclo de 12 anos.
“Estamos ansiosos para observar como esses buracos negros continuarão se comportando e se moverão ao longo do tempo”, disse Valtonen.
(“We are excited to observe how these black holes will continue to behave and move over time.”)— Mauri Valtonen, Astrônomo, Universidade de Turku
Essa descoberta representa um avanço significativo na compreensão dos buracos negros e de suas interações cósmicas, ressaltando a importância da tecnologia de observação avançada no domínio da astrofísica.
Fonte: (Space.com – Space & Exploração)