São Paulo — InkDesign News — Uma equipe de astrônomos utilizando o Telescópio Espacial James Webb (JWST) detectou minúsculas partículas de poeira galáctica que viajaram para longe da sua galáxia de origem, sobrevivendo a uma jornada pela hostil atmosfera cósmica que normalmente as destruiria.
Detalhes da missão
O estudo revelou que a poeira provém da distante galáxia Makani (SDSS J211824.06+001729.4), uma galáxia compacta e massiva que recentemente passou por intensos episódios de formação estelar, ocorrendo há 7 milhões e 0,4 bilhões de anos, respectivamente. Esses eventos de formação geraram ventos galácticos extraordinariamente poderosos, detectados pela primeira vez em 2019, que se estendem por 326.200 anos-luz, expulsando gás e poeira para o vasto halo de gás quente conhecido como meio circumgaláctico (CGM).
Tecnologia e objetivos
Empregando os instrumentos infravermelhos do JWST, a equipe liderada por Sylvain Veilleux, professor de astronomia da Universidade de Maryland, observou o brilho sutil de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs), moléculas orgânicas complexas que se ligam aos grãos de poeira, funcionando como marcadores do comportamento da poeira em ambientes galácticos adversos. Veilleux observa: “Webb foi a chave que tornou isso possível.”
(“Webb was the key that made it happen.”)— Sylvain Veilleux, Professor de Astronomia, Universidade de Maryland
Ao longo da jornada, a poeira apresentou sinais de erosão, com as moléculas PAH encolhendo-se e se tornando mais ionizadas à medida que se distanciam do núcleo galáctico, indicando uma destruição gradual ao longo de aproximadamente 100 milhões de anos. As partículas de poeira enfrentam gases a mais de 17.000 graus Fahrenheit (aproximadamente 10.000 graus Celsius)—condições que deveriam vaporizar as partículas frágeis.
Próximos passos
A equipe sugere um mecanismo de sobrevivência denominado “mistura de nuvem e vento”, onde grãos de poeira são protegidos por bolsões de gás mais frio, enquanto o gás circundante mais quente se dissipa lentamente. Essa dinâmica pode explicar a detecção da emissão de PAH a distâncias tão vastas da galáxia. “Não deveria sobreviver,” afirma Veilleux. “Se a poeira toca o gás a 10.000 graus, ela vai vaporizar.”
(“It shouldn’t survive,” Veilleux said. “If dust touches gas at 10,000 degrees, it’s going to vaporize it.”)— Sylvain Veilleux, Professor de Astronomia, Universidade de Maryland
Pesquisas futuras poderão ampliar essa análise, buscando detectar poeira mesmo nos vastos espaços intergalácticos, o que poderia revelar uma jornada de um milhão de anos-luz ou mais. Essas investigações fornecerão uma nova visão sobre o ciclo de vida das galáxias e o reciclamento cósmico de matéria.
A pesquisa foi publicada em um artigo na revista The Astrophysical Journal em 25 de agosto.
Esta descoberta representa um avanço significativo na compreensão da evolução galáctica e da reciclagem de matéria no universo, revelando a complexidade e a dinâmica das interações galácticas.
Fonte: (Space.com – Space & Exploração)
