
Pasadena, Califórnia — InkDesign News — Cientistas da NASA alertam para uma surpreendente reversão de tendência na atividade solar, indicando que o Sol pode estar “despertando” após um período relativamente calmo. A nova pesquisa, publicada em 8 de setembro na The Astrophysical Journal Letters, aponta para décadas de possíveis eventos de clima espacial extremo que podem impactar tecnologias sensíveis na Terra.
O Contexto da Pesquisa
Ao longo das últimas décadas, a atividade solar apresentou queda, levando parte da comunidade científica a prever um novo período de “mínimo solar profundo”, semelhante ao Maunder Minimum (1645-1715) e ao Dalton Minimum (1790-1830). Tais períodos se caracterizam por uma drástica redução de manchas solares e fenômenos associados. Contudo, desde 2008, observou-se um aumento constante em diversos indicadores solares — entre eles, o número de manchas, intensidade do vento solar e força do campo magnético. O último ciclo solar, iniciado em 2019, contrariou previsões, antecipando o chamado máximo solar e superando a atividade dos ciclos anteriores.
“All signs were pointing to the sun going into a prolonged phase of low activity.”
(“Todos os sinais indicavam que o Sol entraria em uma fase prolongada de baixa atividade.”)— Jamie Jasinski, Físico de Plasma, Jet Propulsion Laboratory, NASA
Resultados e Metodologia
O estudo analisou métricas como número de manchas solares, força do campo magnético e fluxo do vento solar utilizando observações do Observatório Solar Dinâmico (SDO/NASA) e de bases históricas. Os cientistas detectaram uma reversão no declínio observado nos anos 2000: a atividade solar deste ciclo, que atingiu seu pico em agosto de 2024, voltou a níveis não registrados há mais de vinte anos. Entre os eventos recentes, destaca-se a tempestade geomagnética extrema de maio de 2024, responsável por auroras globais e prejuízos superiores a US$ 500 milhões.
“The longer-term trends are a lot less predictable and are something we don’t completely understand yet.”
(“As tendências de longo prazo são muito menos previsíveis e são algo que ainda não compreendemos completamente.”)— Jamie Jasinski, Físico de Plasma, Jet Propulsion Laboratory, NASA
O artigo indica que, além do ciclo de manchas solares (aprox. 11 anos) e do ciclo magnético de Hale (22 anos), outras flutuações de múltiplas décadas influenciam o comportamento solar, tornando as previsões especialmente complexas.
Implicações e Próximos Passos
O aumento da atividade solar pode significar uma nova era de intenso clima espacial, elevando riscos para satélites, redes elétricas e sistemas de navegação global, todos vulneráveis a tempestades solares. Embora existam hipóteses relacionadas a um possível ciclo secular de cerca de 100 anos — o chamado Ciclo Centennial Gleissberg — a origem clara desse ressurgimento solar permanece incerta.
As próximas etapas envolvem o monitoramento contínuo do Sol e o aprimoramento de modelos preditivos, numa tentativa de antecipar o impacto de futuros eventos. Em vista da crescente dependência tecnológica da sociedade, pesquisadores enfatizam a necessidade urgente de desenvolver infraestruturas mais resilientes a intempéries espaciais.
O recente aumento da atividade solar surpreende especialistas e reforça a importância dos estudos heliossféricos multidisciplinares. A expectativa é de que os próximos anos tragam respostas mais claras sobre os mecanismos dessas oscilações e sobre como proteger tecnologias essenciais frente à intensidade crescente dos fenômenos solares.
Fonte: (Live Science – Ciência)