
Brasília — InkDesign News — O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes questionou, em 23 de junho de 2023, a ausência do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, na cerimônia de transferência do comando do Setor Militar realizada em 31 de dezembro de 2022, durante o depoimento do atual comandante da Marinha, almirante Marcos Olsen, ao STF.
Contexto político
A investigação ocorreu em meio a apurações sobre supostas ordens recebidas por Garnier em 2022 para impedir a posse do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A cerimônia de transmissão do comando, tradição militar, foi citada no depoimento de Olsen, que confirmou que sua investidura no cargo foi consagrada na ocasião. O caso integra um conjunto de ações conduzidas pelo STF relacionadas à atuação dos militares durante o processo eleitoral e a transição presidencial.
Reações e debates
Durante o interrogatório, o ministro Moraes ressaltou a tradição militar da participação em cerimônias de transferência. Olsen afirmou que desconhece registros anteriores de ausência nas cerimônias e confirmou a ausência de Garnier no evento. Questionado sobre a necessidade de prestar continência ao presidente da República na cerimônia, Olsen respondeu:
“Desde que o presidente preside a cerimônia, sim. Mas a minha cerimônia foi presidida por José Múcio, prestou-se continência a ele”
— Almirante Marcos Olsen, Comandante da Marinha
O ministro também indagou sobre “reuniões sobre golpe com participação do comando [militar]”, ao que Olsen respondeu:
“Nenhuma ciência, absolutamente ignorava o acontecimento dessas reuniões, soube com a imprensa”
— Almirante Marcos Olsen, Comandante da Marinha
Essas declarações enfatizam o distanciamento do atual comandante da Marinha em relação a atos que envolvam questionamento da ordem democrática.
Desdobramentos e desafios
O episódio renova o debate sobre o papel das Forças Armadas no contexto político brasileiro, especialmente em transições presidenciais. A ausência de Garnier na transmissão do comando militar desafia normas institucionais e levanta questões sobre a internalização de posições políticas dentro das instituições militares. O acompanhamento do STF nesse processo destaca a importância do controle institucional para preservar a estabilidade democrática. As investigações e depoimentos continuam a definir os limites da atuação militar na política.
Esse caso indica um cenário de vigilância reforçada sobre a integridade das cerimônias e o respeito às tradições que sustentam a hierarquia e o compromisso democrático dos militares no Brasil.
Fonte: (CNN Brasil – Política)