
Cambridge, Massachusetts — InkDesign News —
Uma pesquisa inovadora conduzida pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) revelou avanços significativos na precisão da edição genética, utilizando uma abordagem conhecida como “prime editing”. O estudo, publicado recentemente na revista Nature, identificou maneiras de reduzir drasticamente as taxas de erro desse método, sinalizando um potencial para tratamentos mais seguros e eficientes de doenças genéticas.
O Contexto da Pesquisa
Nos anos 1990, as primeiras terapias gênicas empregavam vírus modificados para inserir genes em células, porém, essa técnica enfrentava limitações de precisão e eficiência. Posteriormente, enzimas como as nucleases zinc finger permitiram reparos diretos, mas eram difíceis de customizar. A revolução veio com o CRISPR, sistema que emprega a enzima Cas9 guiada por RNA para cortar o DNA em pontos específicos, proporcionando mais controle ao editar ou corrigir genes defeituosos.
Em 2019, uma versão mais refinada, o “prime editing”, surgiu, prometendo maior precisão e menos efeitos colaterais, por evitar cortes duplos na dupla hélice do DNA, fator de risco em abordagens anteriores. Essa tecnologia já foi utilizada para tratar, em caráter experimental, pacientes com doenças raras como a doença granulomatosa crônica (CGD). Uma característica relevante do prime editing é usar uma versão modificada da Cas9 para cortar apenas uma das fitas do DNA e inserir sequências corretivas guiadas por RNA.
Resultados e Metodologia
O estudo liderado pelo pesquisador Vikash Chauhan detalha a descoberta de mutações específicas na proteína Cas9 capazes de diminuir até 60 vezes o índice de erros durante a edição genética. A taxa de equívocos caiu de um em cada sete para um em cada 101 procedimentos de edição, dependendo do modo de aplicação. Em edições mais precisas, houve redução de um erro em cada 122 para um erro em 543.
“Este artigo descreve uma nova abordagem para edição genética que não complica o sistema de entrega nem adiciona etapas extras, mas resulta em uma edição muito mais precisa, com menos mutações indesejadas.”
(“This paper outlines a new approach to doing gene editing that doesn’t complicate the delivery system and doesn’t add additional steps, but results in a much more precise edit with fewer unwanted mutations.”)— Phillip Sharp, Professor Emérito, MIT Koch Institute
O avanço foi alcançado ao observar que certas mutações da Cas9 relaxam o local de corte no DNA, tornando as fitas antigas instáveis e facilitando a incorporação exata dos novos fragmentos. Ao combinar mutações e incorporar proteínas estabilizadoras de RNA no sistema de edição, foi desenvolvido o editor vPE, testado com sucesso em células de camundongos e humanas.
Implicações e Próximos Passos
Os resultados ampliam o horizonte de aplicações do prime editing, não apenas no tratamento de doenças hereditárias, mas também nas pesquisas sobre o desenvolvimento tecidual, evolução de células cancerígenas e resposta de células a medicamentos.
“Para qualquer medicamento, queremos algo eficaz com o mínimo de efeitos colaterais possível. Em qualquer doença sujeita à edição genética, considero que esse será, no futuro, um caminho mais seguro e eficiente.”
(“For any drug, what you want is something that is effective, but with as few side effects as possible. For any disease where you might do genome editing, I would think this would ultimately be a safer, better way of doing it.”)— Robert Langer, Professor, MIT Koch Institute
A equipe do MIT busca agora maior eficiência por meio de novos aprimoramentos nas proteínas e no RNA guia, além de solucionar desafios de entrega do editor em tecidos específicos. O grupo incentiva que outros laboratórios adotem a abordagem para expandir o conhecimento em áreas como câncer e desenvolvimento celular.
O futuro da edição genética depende da consolidação desses métodos em cenários clínicos e laboratoriais. Se confirmados, os novos métodos podem representar um divisor de águas na medicina de precisão, abrindo caminhos para terapias genéticas menos arriscadas e mais eficazes.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)