
Laurel, Maryland — InkDesign News — Em 26 de setembro de 2022, cientistas da NASA e do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins conduziram a primeira missão de defesa planetária da humanidade ao colidir intencionalmente a sonda DART contra a lua do asteroide Dimorphos, a cerca de 11 milhões de quilômetros da Terra, testando a capacidade de redirecionar corpos celestes perigosos.
O Contexto da Pesquisa
A preocupação científica com o impacto catastrófico de asteroides remonta à década de 1960, quando estudantes do MIT sugeriram desviar rochas espaciais utilizando foguetes da NASA. Contudo, a urgência se intensificou após a descoberta de uma camada global de irídio — elemento raro na Terra, mas abundante em asteroides — associada à extinção dos dinossauros há 66 milhões de anos. Posteriormente, o impacto do meteorito em Chelyabinsk, Rússia, 2013, intensificou os debates sobre métodos ativos de defesa, após causar ferimentos em 1.600 pessoas e danos em milhares de edifícios sem qualquer aviso prévio.
Resultados e Metodologia
Após anos de desenvolvimento, a missão Double Asteroid Redirection Test (DART) foi lançada em novembro de 2021 e executou, com precisão, a colisão planejada com Dimorphos, alterando sua órbita em 32 minutos — desempenho superior ao mínimo exigido de 73 segundos para considerar o teste bem-sucedido. A metodologia envolveu um impactador de 1,9 metros e 580 quilos atingindo o alvo a alta velocidade, enquanto câmeras a bordo registravam o momento do impacto. Observações subsequentes do Telescópio Hubble identificaram uma nuvem de detritos e dezenas de rochas ejetadas pelo evento, levantando novas questões sobre o comportamento desses fragmentos no espaço.
“Se um asteroide estivesse vindo na nossa direção, e soubéssemos que precisaríamos desviá-lo uma quantidade exata para impedir o impacto na Terra, então todas essas sutilezas se tornam muito, muito importantes.”
(“If an asteroid was tumbling toward us, and we knew we had to move it a specific amount to prevent it from hitting Earth, then all these subtleties become very, very important.”)— Jessica Sunshine, Cientista Planetária, Universidade de Maryland
Implicações e Próximos Passos
O teste comprovou a viabilidade do método de impacto cinético para desviar asteroides. No entanto, estudos mais recentes alertam para potenciais efeitos indesejados, como a possibilidade de fragmentos se tornarem meteoros que atinjam a Terra ou colidam com Marte. Além disso, comportamentos inesperados desses detritos indicam lacunas no entendimento atual da física de fragmentação no espaço.
“A passagem do meteorito por Chelyabinsk foi um alerta cósmico.”
(“Chelyabinsk ‘was a cosmic wake-up call.’”)— Lindley Johnson, Oficial de Defesa Planetária, NASA
Com o êxito do DART, outras agências, como a Administração Espacial Nacional da China, já planejam missões semelhantes, previstas para lançamento a partir de 2027. O aprofundamento dos estudos será fundamental para garantir a segurança e eficácia dessas técnicas de defesa.
O avanço representado pelo DART evidencia o potencial da ciência em mitigar riscos globais, mas ressalta a necessidade de investigação contínua para refinar modelos físicos e estratégias de resposta, diante de variáveis ainda pouco compreendidas no comportamento dos corpos celestes e seus fragmentos, preservando a efetividade das futuras defesas planetárias.
Fonte: (Live Science – Ciência)