
Brasília — InkDesign News — Em todo o Brasil, 4,2 milhões de estudantes estão em atraso escolar, em dois anos ou mais, representando 12,5% de todas as matrículas. As informações são do Censo Escolar 2024, analisadas pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Contexto educacional
O cenário educacional brasileiro, embora tenha mostrado uma leve melhora nos últimos anos, ainda apresenta desafios significativos. Dados do Censo Escolar indicam que a distorção da relação idade-série vem diminuindo gradualmente. Em 2023, 13,4% da população estudantil estava em atraso escolar. O Unicef destaca que é vital considerar não apenas o desempenho acadêmico, mas também os contextos sociais dos estudantes. A análise revela que a desigualdade é um fator crítico, especialmente em relação à raça/cor e gênero dos alunos. A distorção idade-série entre estudantes negros é de 15,2%, quase o dobro da registrada entre brancos, que é de 8,1%.
Políticas e iniciativas
Com o desafio do abandono escolar em questão, várias políticas estão sendo implementadas. O Unicef, em colaboração com o Instituto Claro e a Fundação Itaú, desenvolve a estratégia Trajetórias de Sucesso Escolar, focada no enfrentamento da cultura de fracasso nas redes públicas de ensino. “Acreditamos na mudança e na transformação social por meio da educação, e para alcançar esse objetivo é fundamental conhecer os desafios”, afirma Daniely Gomiero, vice-presidente do Instituto Claro.
Desafios e perspectivas
Apesar de progressos em indicadores como o aumento da população adulta com ensino médio completo — que alcançou 56% em 2024 — muitos obstáculos persistem. A infraestrutura das escolas e a desigualdade social contribuem para o sistema educacional fragilizado. Julia Ribeiro, especialista em educação do Unicef, ressalta:
“Quando o estudante entra em atraso escolar, ele passa a se sentir não pertencente à escola.
(“Quando o estudante entra em atraso escolar, ele passa a se sentir não pertencente à escola.”)— Julia Ribeiro, Especialista de Educação, Unicef
O sentimento de exclusão pode acentuar a desvinculação e, por conseguinte, os índices de abandono.
Portanto, mesmo diante de melhorias, é fundamental que o governo e as instituições educativas continuem a promover iniciativas que abordem as causas subjacentes do atraso escolar, ouvindo e integrando as vozes dos estudantes ao processo de desenvolvimento de políticas educacionais.
A experiência dos adolescentes em relação ao ambiente escolar é crucial, sendo que 33% deles acreditam que a escola não conhece suas vidas e suas famílias, demonstrando uma lacuna significativa na conexão entre estudantes e instituições.
Fontes: Agência Brasil – Educação