
São Paulo — InkDesign News —
A guerra comercial entre Estados Unidos e China, intensificada a partir de 2018, tem gerado impactos expressivos na economia global e pode abrir oportunidades estruturais para o agronegócio brasileiro, segundo análise do professor do Insper Agro, Marcos Jank. O momento de volatilidade e incertezas exige foco em estratégias para ampliar mercados e agregar valor aos produtos nacionais.
Panorama econômico
Num contexto marcado pelo aumento da inflação global e alterações nas cadeias produtivas, a escalada das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo afeta fluxos comerciais e políticas tarifárias. Esta conjuntura desafia mercados internacionais e ao mesmo tempo cria janelas de oportunidade para países menos dependentes de protecionismos, como o Brasil, que detém grande capacidade exportadora no setor agropecuário.
Indicadores e análises
Marcos Jank destaca três áreas principais de oportunidade: a consolidação da abertura de mercados, a diversificação de clientes e a adição de valor nas exportações. Atualmente, cerca de 73% das exportações brasileiras de soja são destinadas à China, que busca reduzir sua dependência dos EUA a partir do segundo semestre do ano. A proposta de aumentar a mistura de biodiesel no diesel de 14% para 15% exemplifica medidas para incrementar o processamento interno, com estimativa de moagem adicional de 2 milhões de toneladas de soja.
“O Brasil deve focar em questões estruturais para fortalecer sua posição no mercado global.”
(“Brazil must focus on structural issues to strengthen its position in the global market.”)— Marcos Jank, Professor, Insper Agro
No setor de carnes, a habilitação de mais plantas frigoríficas visa ampliar a substituição dos EUA no fornecimento para a China, especialmente nos segmentos de carne suína, aves e bovina. Além disso, mercados como Japão, Coreia do Sul, Indonésia, Turquia e Vietnã despontam como áreas para expansão, ultrapassando barreiras técnicas, sanitárias e ambientais.
Impactos e previsões
Com a postura mais protecionista dos EUA, o Brasil tem a possibilidade de se posicionar como fornecedor confiável e seguro de alimentos no cenário global. Isso pode impulsionar o setor agrícola a consolidar ganhos duradouros, ampliar a base de compradores e agregar valor às exportações. A diversificação de mercados e a internalização do beneficiamento são estratégias-chave para mitigar riscos e sustentar a competitividade.
“Enquanto os Estados Unidos adotam uma postura mais protecionista, o Brasil tem a oportunidade de se posicionar como um fornecedor seguro e confiável.”
(“While the United States adopts a more protectionist stance, Brazil has the opportunity to position itself as a safe and reliable supplier.”)— Marcos Jank, Professor, Insper Agro
Nos próximos meses, a atenção do agronegócio brasileiro deve estar voltada para o fortalecimento das relações comerciais com mercados alternativos e o aprimoramento das políticas internas que favoreçam a produção e exportação agregadas de valor. Avaliações contínuas das decisões políticas globais serão essenciais para adaptar estratégias diante da volatilidade econômica.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)