
Brasília — InkDesign News —
O cientista político Rafael Cortez, professor do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), analisou em participação no programa WW Especial que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem demonstrado menor protagonismo na condução do governo, sobretudo em questões internas, refletindo na complexidade da gestão e nas recentes mudanças ministeriais.
Contexto político
A gestão do terceiro mandato de Lula, marcado por um ambiente político polarizado, enfrenta desafios significativos na coordenação interna da base aliada. Segundo Cortez, a postura mais discreta do presidente tem agravado o chamado “problema dos feudos”, dificultando a distribuição clara de poder e responsabilidades entre os ministros, especialmente em pastas consideradas estratégicas. A recente reforma ministerial, caracterizada por trocas importantes em ministérios como a Secretaria de Relações Institucionais e o Ministério da Saúde, tem sido parte da tentativa de equilibrar a participação das alas políticas, embora a maior parte das mudanças tenha ocorrido dentro do espectro da esquerda.
Reações e debates
O cientista político destacou que, apesar da inclusão de membros do centro-direita, a predominância das alterações ministeriais permanece na esquerda. Essa dinâmica reflete uma tentativa de Lula de manter o controle político em um cenário conturbado, mas que também evidencia as tensões internas e a necessidade de maior assertividade na liderança do governo.
“A minha leitura parece um pouco nessa direção: um Lula menos ativo na gestão do seu próprio mandato, do seu governo, dando menos a cara, digamos, para expor e para coordenar essas respostas.”
— Rafael Cortez, cientista político, IDP
Cortez apontou que o caso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), frequentemente em evidência por dificuldades de gestão, exemplifica os obstáculos enfrentados internamente. Além disso, ele ressaltou que a relação do governo com o Congresso Nacional é marcada por polarização, o que complica ainda mais o cenário político.
Desdobramentos e desafios
O governo Lula terá pela frente o desafio de fortalecer a coordenação interna e superar a fragmentação ministerial para garantir uma gestão mais coesa. O analista político indica que a liderança precisa ser mais firme no controle das responsabilidades e no enfrentamento dos interesses dos diferentes grupos na base aliada. A dificuldade em administrar os ministérios mais próximos à sua base política pode impactar a capacidade do governo de implementar reformas importantes e responder com agilidade às demandas legislativas e sociais.
“Se a gente olhar a reforma ministerial que Lula fez até aqui, uma parte relevante dela ocorreu dentro da esquerda.”
— Rafael Cortez, cientista político, IDP
A continuidade do mandato dependerá do equilíbrio entre uma liderança mais presente e a articulação política interna, elementos essenciais para o avanço das pautas e a estabilidade administrativa até o fim do governo.
Fonte: (CNN Brasil – Política)