
Moscou — InkDesign News — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante coletiva de imprensa ao final de visita oficial à Rússia, que ainda não há prazo para a devolução dos recursos desviados de aposentados e pensionistas do INSS. Ele responsabilizou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo esquema de fraudes que movimentou cerca de R$ 6,3 bilhões nos últimos anos.
Contexto político
O escândalo envolvendo o INSS foi revelado em operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) no mês passado, que identificou um esquema para o desconto indevido de valores em contracheques de beneficiários por sindicatos e associações. Desde então, seis servidores públicos foram afastados, o então presidente do INSS Alessandro Stefanutto pediu demissão, e o ministro da Previdência Social Carlos Lupi também deixou o cargo após reunião com Lula.
A denúncia expõe uma quadrilha criada em 2019, ano em que Paulo Guedes era ministro da Economia e que, segundo o presidente, marca o início da responsabilidade governamental pelo ocorrido. O processo de investigação segue em andamento para detalhar a extensão das fraudes e identificar todos os envolvidos, incluindo possíveis integrantes do governo anterior.
Reações e debates
“Nós desmontamos uma quadrilha que foi criada em 2019. E vocês sabem quem governava o Brasil em 2019”
— Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Em seu pronunciamento, Lula destacou a necessidade de apurar todos os detalhes, evitando reações precipitadas. “Devolver ou não vai depender de você constatar a quantidade de pessoas enganadas. A quantidade de pessoas que tiveram o seu nome numa lista sem que elas tivessem assinado. Porque aqueles que assinaram já autorizaram. Então, o que nós queremos, e é por isso que tem a crítica de que ainda demora, é porque poderíamos ter feito uma pirotecnia e não ter apurado (o escândalo)”, afirmou o presidente.
Ele ainda frisou que nem todas as entidades envolvidas possuem responsabilidade nas irregularidades, apontando para a existência de associações legítimas e outras criadas para fraudes. Lula garantiu que os aposentados e pensionistas não serão prejudicados financeiramente, lembrando que os bens das entidades que cometeram crimes serão congelados e utilizados para ressarcir os beneficiários.
“Quem vai ser prejudicado são aqueles que um dia ousaram explorar o aposentado e o pensionista brasileiro […] As entidades que roubaram vão ter seus bens congelados. Nós vamos usar esses bens, repatriar o dinheiro, para que a gente possa pagar as pessoas.”
— Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
Desdobramentos e desafios
A prolongada investigação, que envolve atuação detalhada da CGU e da Polícia Federal, reflete a complexidade do escândalo e a cautela exigida para que as informações sejam precisas e completas. A demora na conclusão do processo tem sido alvo de críticas, mas o governo destaca a prioridade pela seriedade no apuramento dos fatos.
As repercussões do caso apontam para impactos significativos na gestão dos benefícios previdenciários e intensificam o debate sobre a fiscalização e transparência nas entidades que atuam nesse âmbito. O desdobramento da investigação pode redefinir mecanismos de controle e responsabilização administrativa e criminal no setor público e privado relacionados.
As próximas etapas irão focar na conclusão do inquérito, identificação dos envolvidos e na implementação de medidas para reparar os prejuízos e prevenir futuras fraudes.
O episódio ressalta a importância de aprimorar as políticas de monitoramento dos recursos públicos e a necessidade de regras claras para evitar práticas fraudulentas que afetem a população mais vulnerável.
Fonte: (CNN Brasil – Política)