
São Paulo — InkDesign News —
Pesquisas recentes em inteligência artificial (IA) exploram a interação entre humanos e representações digitais do passado, utilizando machine learning para criar experiências imersivas de telepresença que possibilitam encontros poéticos com pessoas falecidas ou versões passadas de si mesmo.
Contexto da pesquisa
O projeto TeleAbsence, desenvolvido pelo grupo Tangible Media do MIT Media Lab em Cambridge, Massachusetts, propõe um novo paradigma de comunicação através do tempo, focando em “encontros poéticos” ao invés de réplicas literais. Liderado por Hiroshi Ishii, professor de Media Arts and Sciences, o estudo responde à demanda emocional de reconectar com entes queridos falecidos ou memórias do passado por meio de tecnologias de IA combinadas com telepresença.
Método proposto
A abordagem utiliza modelos de aprendizado de máquina para processar imagens e sons históricos, como vídeos de pianistas, incluindo o virtuoso Ryuichi Sakamoto, que são projetados em tempo real em um piano físico (projeto MirrorFugue). Sensores medem alterações fisiológicas, como batimentos cardíacos e movimentos das mãos dos participantes enquanto interagem com as projeções fantasmagóricas, permitindo análise integrada de dados subjetivos e objetivos. A pesquisa inclui a curadoria rigorosa para evitar conteúdos gerados artificialmente que possam enganar o usuário, diferenciando-se dos chamados “ghost bots” baseados em IA generativa.
Resultados e impacto
O estudo, apresentado na conferência CHI 2025 e publicado na revista PRESENCE, revelou que o reconhecimento prévio do pianista e sua condição (vivo ou falecido) influenciam significativamente as respostas emocionais dos participantes. Um dos efeitos notáveis foi a criação de duos improvisados entre o ouvinte e o músico projetado, gerando empatia profunda e uma sensação de presença paradoxal, “sentir a presença de alguém e saber que estou sozinho na sala” (
“feeling someone’s presence while also knowing that I am the only one in the room.”
(“feeling someone’s presence while also knowing I am the only one in the room.”)— Hiroshi Ishii, Jerome B. Wiesner Professor, MIT Media Lab
). O projeto também enfatiza princípios de design como a materialização de memórias, o uso da ausência como presença e a abstração para evocar lembranças sem tentar recriar literalmente o momento.
TeleAbsence abre caminhos para aplicações em luto, preservação de memórias e planejamento de legados digitais, com potencial para integrar futuras técnicas de machine learning para a geração controlada de conteúdos históricos. A equipe discute a importância do equilíbrio ético para não prolongar sofrimento ou criar expectativas irreais na interação com esses avatares do passado.
Fonte: (TechXplore – Machine Learning & AI)