
São Paulo — InkDesign News — O avanço da biotecnologia na Reprodução Humana Assisitida se intensifica com a adaptação de técnicas de Fertilização In Vitro (IVF) que visam democratizar o acesso a tratamentos de infertilidade em regiões carentes. Um projeto inovador busca modificar a forma como esses procedimentos são realizados, proporcionando novas esperanças a muitos.
Contexto científico
A infertilidade é um problema que afeta cerca de um em cada seis adultos no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). As taxas de infertilidade são semelhantes em países de alta e baixa renda. No entanto, o acesso a tratamentos de fertilidade ainda é desigual, particularmente em regiões da África Subsaariana, onde a infraestrutura para IVF é precária. Especialistas como Gerhard Boshoff, embriologista da Universidade de Pretória, afirmam que, apesar das altas taxas de natalidade em países como Níger e Angola, isso não significa que a necessidade de IVF seja inexistente.
Metodologia e resultados
A inovação surgiu nas décadas de 1980 e 1990, quando Willem Ombelet, um ginecologista aposentado, se deparou com as disparidades no acesso a IVF, especialmente entre as populações negras da África do Sul durante o apartheid. Em parceria com Jonathan Van Blerkom, um biólogo reprodutivo, desenvolveram uma versão simplificada de IVF que não requer um laboratório altamente equipado. Essa técnica envolve o uso de tubos pré-carregados com uma mistura de gases, que são vedados com tampões de borracha. “Nós não precisamos de um laboratório sofisticado”, afirma Ombelet. Uma vez que os embriões alcançam cerca de cinco dias, podem ser transferidos para o útero da paciente ou congelados. Os custos associados a essa abordagem são significativamente menores, estimando-se que variam de um décimo a um vigésimo dos métodos convencionais.
Implicações clínicas
O primeiro ensaio piloto com essa técnica ocorreu em uma clínica na Bélgica em 2012, resultando no nascimento dos primeiros bebês concebidos por meio desse processo simplificado ainda no mesmo ano. Contudo, a implementação de tais técnicas em países de baixa renda ainda enfrenta desafios regulatórios e estruturais, incluindo a necessidade de aprovações locais e a adaptação dos protocolos às limitações da infraestrutura. Pesquisa futura deverá focar na validação em larga escala e na aceitação por parte dos organismos de saúde locais para garantir a expansão do acesso a esses tratamentos inovadores.
A experiência de Ombelet e Van Blerkom propõe, assim, um caminho promissor para ampliar o acesso a opções de tratamento de fertilidade para populações historicamente negligenciadas, com implicações profundas para a saúde reprodutiva global. O próximo passo envolve a continuidade da pesquisa para otimizar esses métodos e aumentar sua viabilidade em diversas partes do mundo.
Fonte: (MIT Technology Review – Biotecnologia e Saúde)