Jim Al-Khalili investiga 600 milhões de anos de evolução cerebral

Londres — InkDesign News — Uma nova série da BBC, apresentada pelo físico teórico e comunicador científico Jim Al-Khalili, explora a trajetória evolutiva do cérebro ao longo de 600 milhões de anos. O documentário “Horizon: Secrets of the Brain” examina fósseis, animais e as ciências por trás da evolução cerebral, com estreia no Reino Unido em 29 de setembro.
O Contexto da Pesquisa
O estudo da evolução do cérebro busca decifrar o que tornou possível a emergência da cognição, consciência e inteligência humanas. Análises recentes mostram que os primeiros indícios de cérebros surgiram há cerca de 600 milhões de anos, presentes atualmente em quase todos os animais conhecidos. Apesar das grandes diferenças de complexidade, eletricidade e química dos cérebros — inclusive o humano — são notavelmente parecidos entre espécies. A série documental pretende preencher lacunas sobre a integração dessas estruturas nervosas à história evolutiva.
Resultados e Metodologia
Na produção, Jim Al-Khalili visita laboratórios e pesquisadores internacionais, discutindo o avanço das capacidades cognitivas. De acordo com Al-Khalili, parte marcante do aprendizado foi perceber que características como metacognição e linguagem, frequentemente atribuídas apenas aos humanos, também existem em outros primatas, ainda que de modo menos complexo.
“Então, fiquei com a questão de que todas as coisas que pensávamos que deveriam nos separar de outros primatas — linguagem, metacognição, cérebros sociais — todas existem nos outros primatas. Nós aceleramos em relação a eles de maneira muito mais complexa em termos de pensamento.”
(“So I was left with this question that all the things that we thought should separate us from other primates — language, metacognition, social brains — all exist in the other primates. We have accelerated away from them in a way that is, you know, it’s not just a little bit — we are way, way more complex in terms of our thinking and thoughts than other primates. So that’s something that I still feel, personally, I haven’t got a clear answer to.”)— Jim Al-Khalili, Professor, Universidade de Surrey
A pesquisa destaca ainda episódios como a extinção em massa do Permiano, que quase eliminou toda a vida terrestre, e ressalta o papel das adaptações e desafios ambientais no desenvolvimento do cérebro.
Implicações e Próximos Passos
As descobertas reforçam o entendimento de que a evolução cerebral não foi linear: diversas pressões ambientais, sociais e fisiológicas agiram em conjunto, o que torna difícil isolar um único fator responsável pela complexidade humana. Sobre inteligência artificial, Al-Khalili pondera que avanços tecnológicos ainda estão distantes de reproduzir a consciência biológica:
“Por mais inteligente que o ChatGPT pareça, ele não é consciente, mas seu cachorro é.”
(“However clever you think ChatGPT is, it’s not conscious, but your dog is conscious.”)— Jim Al-Khalili, Professor, Universidade de Surrey
Segundo o físico, a singularidade das estruturas sociais humanas e a trajetória evolutiva do cérebro são irreplicáveis em máquinas criadas por IA, como discutido na série. O estudo serve, portanto, também como chamado para mais empatia, compaixão e valorização do que nos faz humanos diante dos desafios atuais, como mudanças climáticas e inteligência artificial.
No horizonte científico, a compreensão das origens e intricâncias do cérebro pode abrir caminhos para aplicações biomédicas, avanços em IA consciente e novas abordagens sobre o que significa ser humano. Pesquisas adicionais buscam desvendar, por meio de fósseis, comparações genéticas e observação de espécies vivas, quais mecanismos permitiram nossa diferenciação final no reino animal.
Fonte: (Live Science – Ciência)