
Los Angeles — InkDesign News — Jane Goodall, a principal referência mundial em estudos com chimpanzés, morreu aos 91 anos de causas naturais enquanto estava em um tour de palestras em Los Angeles, Califórnia, segundo comunicado oficial do Jane Goodall Institute (JGI) divulgado nesta quarta-feira (1° de outubro).
O Contexto da Pesquisa
Pioneira nos estudos de comportamento animal, Jane Goodall nasceu em Londres, em 3 de abril de 1934. Desde a infância, demonstrou fascínio por animais e pela natureza africana. Em 1957, durante uma viagem ao Quênia, conheceu o paleoantropólogo Louis Leakey, que a incentivou a pesquisar o comportamento dos chimpanzés para entender aspectos evolutivos do próprio ser humano. Em 1960, Goodall iniciou suas observações no Parque Nacional Gombe Stream, na Tanzânia, revolucionando a primatologia ao atribuir nomes aos chimpanzés observados, contrariando os padrões científicos da época.
Resultados e Metodologia
Sem formação acadêmica específica em pesquisa científica quando iniciou seus trabalhos, Goodall destacou-se pela abordagem inovadora de acompanhamento próximo dos animais, documentando relações sociais, demonstrações de afeto e luto, além de comportamentos agressivos inéditos. Notoriamente, foi a primeira a registrar a capacidade dos chimpanzés de fabricar e utilizar ferramentas, como ao usar gravetos para coletar cupins — descoberta que forçou a revisão do conceito de ferramenta na ciência. O achado levou Louis Leakey a declarar:
“We must now redefine tool, redefine man, or accept chimpanzees as human!”
(“Precisamos agora redefinir ferramenta, redefinir homem ou aceitar chimpanzés como humanos!”)— Louis Leakey, Paleoantropólogo
Goodall também descreveu que os chimpanzés caçam e consomem carne, alterando o entendimento sobre sua dieta. Observações sobre luto, abraços solidários e uma comunicação rudimentar aprofundaram o conhecimento sobre as raízes evolutivas do comportamento humano.
Implicações e Próximos Passos
O legado de Jane Goodall transcende a pesquisa científica. Em 1977, fundou o Jane Goodall Institute, focado em conservação e educação ambiental, além de manter o Gombe Stream Research Centre, o estudo contínuo de chimpanzés mais longevo da história. Goodall tornou-se referência global em proteção ambiental, inspirando gerações e advogando pela ação individual e coletiva. Em declaração à UNESCO, Audrey Azoulay destacou:
“Dr. Jane Goodall was able to convey the lessons of her research to everyone, especially young people. She changed the way we see Great Apes.”
(“Dra. Jane Goodall conseguiu transmitir as lições de sua pesquisa para todos, especialmente para jovens. Ela mudou a forma como vemos os grandes primatas.”)— Audrey Azoulay, Diretora-Geral, UNESCO
Entre as inúmeras honrarias recebidas estão o título de Comendadora da Ordem do Império Britânico, Mensageira da Paz da ONU, Legião de Honra Francesa e a Medalha Presidencial da Liberdade concedida pelo presidente dos Estados Unidos Joe Biden, em janeiro de 2025.
O falecimento de Jane Goodall ocorre em meio a urgentes debates sobre conservação ambiental e direitos dos animais. Suas descobertas e o modelo de pesquisa humanizado permanecem referência no campo, ao passo que seu empenho em educação e conservação configura exemplo para futuras iniciativas. Seu impacto, tanto científico quanto social, potencializa discussões e avanços em temas como inteligência animal, sustentabilidade e ética ambiental.
Fonte: (Live Science – Ciência)