James Webb registra possível cicatriz de buraco negro, revela estudo

Nanjing, China — InkDesign News — Astrônomos observaram uma gigantesca “contrail” cósmica, uma trilha de gás e poeira, na galáxia espiral NGC 3627, localizada a cerca de 31 milhões de anos-luz do sistema solar, segundo pesquisa recente conduzida por cientistas da Universidade de Nanjing. O fenômeno, embora já registrado em menor escala na Via Láctea, surpreende pelo tamanho e definição, sendo considerada a evidência mais clara já documentada desse tipo de estrutura no universo.
O Contexto da Pesquisa
O estudo integra os esforços do consórcio internacional Physics at High Angular Resolution of Nearby Galaxies (PHANGS), com dados coletados por telescópios de referência global, como o James Webb Space Telescope (JWST) e o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) no Chile. A meta central da investigação é elucidar como o gás e a formação estelar interagem com a morfologia e evolução das galáxias. Análises prévias já haviam identificado trilhas semelhantes em nossa galáxia, porém a contrail de NGC 3627 é notável por estender-se por 20 mil anos-luz, cerca de um quinto do diâmetro da Via Láctea, mantendo largura extremamente estreita, de apenas 650 anos-luz.
Resultados e Metodologia
A descoberta da contrail em NGC 3627 decorreu da análise detalhada dos levantamentos PHANGS, que integraram imagens infravermelhas e radioastronômicas, confirmando a presença de partículas de poeira e altos índices de monóxido de carbono na estrutura. De acordo com um modelo teórico desenvolvido por Guang-Xing Li em 2021, a formação se daria pelo trânsito de um objeto compacto massivo — como um buraco negro — através do disco galáctico, compressando e deslocando o material interestelar em seu caminho. O padrão de turbulência ao longo da contrail reforça essa hipótese.
“Atualmente, com os dados disponíveis, não podemos distinguir definitivamente entre essas duas possibilidades”
(“Currently, with the available data, we cannot definitively distinguish between these two possibilities”)— Mengke Zhao, Doutoranda em Astronomia, Universidade de Nanjing
O objeto responsável teria massa equivalente a 10 milhões de sóis e cruzaria a galáxia a uma velocidade estimada em 300 km/s — superando recordes anteriores de velocidade em objetos interestelares e espaçonaves humanas. Cálculos sugerem que o evento ocorreu cerca de 20 milhões de anos atrás, relativamente recente em termos astronômicos.
“A compreensão de sua evolução e de quão comuns são essas estruturas poderá nos revelar muito sobre a população de grandes objetos escuros em trânsito por discos galácticos”
(“Understanding their evolution and how common they are could tell us a lot about the population of massive dark objects flying through galactic disks”)— Mengke Zhao, Doutoranda em Astronomia, Universidade de Nanjing
Implicações e Próximos Passos
As consequências dessa observação podem ser significativas para a compreensão da dinâmica galáctica e da presença de buracos negros ou núcleos compactos de galáxias anãs. As limitações na identificação direta do objeto — seja ele um buraco negro supermassivo ou o núcleo denso de uma galáxia anã — motivam o uso futuro de levantamentos ópticos profundos e observações de altíssima resolução pelo ALMA, visando localizar possíveis contrapartes.
Os pesquisadores consideram ainda outras explicações, como a atuação de objetos compactos misteriosos conhecidos como “little red dots”, cuja natureza segue em aberto.
Paralelamente, Zhao e Li planejam investigar a recorrência desse tipo de fenômeno em outros levantamentos do PHANGS. O aprofundamento nessas análises poderá iluminar questões fundamentais sobre populações de objetos escuros massivos, contribuições para a morfologia galáctica e o mecanismo de formação e evolução das galáxias espirais.
Fonte: (Live Science – Ciência)