James Webb detecta gás fluorescente em planeta-anão, mostra estudo

Maryland/Texas — InkDesign News — Um estudo conduzido por cientistas da Universidade de Maryland e do Southwest Research Institute (Texas), utilizando o Telescópio Espacial James Webb (JWST), revelou rastros de metano gasoso ao redor do planeta anão Makemake, localizado na distante Cinturão de Kuiper. A pesquisa, publicada em setembro de 2024, representa apenas a segunda detecção de gás em um objeto tão remoto do Sistema Solar, desafiando a visão clássica de Makemake como um corpo inerte e congelado.
O Contexto da Pesquisa
Makemake, descoberto em 2005, é um planeta anão com diâmetro de aproximadamente 1.430 km — menos da metade da Lua — e orbita o Sol cerca de 45 vezes mais longe que a Terra. Integrante do Cinturão de Kuiper, região povoada por asteroides, cometas e planetas anões como Plutão, Makemake caracteriza-se por uma superfície composta principalmente de gelo de metano e etano. Estudos anteriores já sugeriam a presença desses compostos em forma sólida, porém, até o momento, não se sabia ao certo se o planeta anão poderia produzir ou reter atmosfera.
Resultados e Metodologia
O grupo liderado pela pesquisadora Silvia Protopapa utilizou os instrumentos infravermelhos do JWST para detectar metano em fase gasosa próximo à superfície de Makemake. A observação foi possibilitada pelo fenômeno de “fluorescência excitada pelo Sol”, em que o gás brilha fracamente ao absorver radiação solar. Os dados também indicam uma temperatura ambiental extremamente baixa, próxima de -233 °C.
O telescópio Webb revelou que o metano também está presente na fase gasosa acima da superfície, uma descoberta que torna Makemake ainda mais fascinante.
(“The Webb telescope has now revealed that methane is also present in the gas phase above the surface, a finding that makes Makemake even more fascinating.”)— Silvia Protopapa, pesquisadora, Universidade de Maryland/Southwest Research Institute
Até então, apenas Plutão, entre os objetos transnetunianos, era conhecido por apresentar uma atmosfera — composta majoritariamente por nitrogênio, com menores quantidades de metano e monóxido de carbono. Ceres, no cinturão de asteroides, também exibe uma tênue atmosfera de vapor d’água.
O estudo levanta duas hipóteses para a origem do gás em Makemake: sublimação do gelo superficial, formando uma atmosfera tão rarefeita que sua pressão é mais de um bilhão de vezes menor que a da Terra; ou emissão em plumas advindas do interior, similar ao mecanismo observado na lua Encélado, de Saturno.
Implicações e Próximos Passos
O achado desafia a concepção de Makemake como um simples corpo congelado, sugerindo tratar-se de um planeta anão mais dinâmico do que se supunha. A detecção do metano pode indicar atividade atmosférica ou até mesmo processos internos ativos.
Os resultados desafiam a visão tradicional de Makemake como um corpo quiescente e congelado.
(“The new findings ‘challenge the traditional view of Makemake as a quiescent, frozen body,’ the researchers wrote in the paper.”)— Equipe do estudo, The Astrophysical Journal Letters
Outro trabalho recente usando o JWST apontou ainda que Makemake e Eris podem ser ativos do ponto de vista geológico, levantando questões sobre a possibilidade de condições propícias à vida em regiões remotas do Sistema Solar.
No momento, não há missões previstas para estudar Makemake de perto. Os pesquisadores defendem que novas observações com o James Webb podem elucidar a fonte do metano e o potencial dinâmico de planetas anões na periferia solar. O avanço dessas investigações promete reconfigurar nosso conhecimento sobre a atividade e a evolução dos mundos gelados além de Netuno.
Fonte: (Live Science – Ciência)