
São Paulo — InkDesign News — O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou em abril, registrando alta de 0,43%, mas economistas consultados pela imprensa brasileira indicam que a desaceleração não é suficiente para alterar o ciclo de alta dos juros adotado pelo Banco Central do Brasil, que visa o controle da inflação persistente.
Panorama econômico
A atual conjuntura macroeconômica global mostra uma desaceleração nos preços das commodities e uma valorização do real frente ao dólar, fatores que contribuem para o alívio inflacionário no Brasil. No entanto, o Banco Central mantém uma política monetária contracionista para manter sob controle a inflação que ainda se encontra acima da meta. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), agendada para 18 de junho, é aguardada com atenção pelos agentes de mercado.
Indicadores e análises
O IPCA avançou 0,43% em abril ante 0,56% em março. A inflação acumulada em 12 meses atingiu 5,53%, elevando-se de 5,48% no mês anterior, permanecendo distante da meta oficial de 3% definida pelo Banco Central. Segundo Tsai Chi-yu, CEO da Stay, “O Banco Central provavelmente vai ser motivado a manter a taxa de juros. Não vejo uma sinalização clara do mercado e do IPCA para fazer o BC subir os juros, porque vemos uma tendência de queda da inflação, mas essa queda ainda não é significativa o suficiente para o BC se sentir confortável em baixar os juros.”
(“The Central Bank is likely to be motivated to maintain the interest rate. I don’t see a clear signal from the market and IPCA for the Central Bank to raise interest rates, because we see a downward trend in inflation, but this drop is not yet significant enough for the Central Bank to feel comfortable lowering interest rates.”)
“O Banco Central provavelmente vai ser motivado a manter a taxa de juros. Não vejo uma sinalização clara do mercado e do IPCA para fazer o BC subir os juros, porque vemos uma tendência de queda da inflação, mas essa queda ainda não é significativa o suficiente para o BC se sentir confortável em baixar os juros.”
(“The Central Bank is likely to be motivated to maintain the interest rate. I don’t see a clear signal from the market and IPCA for the Central Bank to raise interest rates, because we see a downward trend in inflation, but this drop is not yet significant enough for the Central Bank to feel comfortable lowering interest rates.”)— Tsai Chi-yu, CEO da Stay
Para Braian Largura, sócio do escritório VNT Investimentos, a persistência da inflação pode levar a uma reavaliação na curva de juros futuros, refletindo possível necessidade de ajustes para conter a pressão inflacionária:
“A curva de juros futuros, que vinha caindo, pode passar por uma reprecificação se a pressão inflacionária se mantiver e o Banco Central ter de elevar ainda mais os patamares atuais de juros.”
(“The futures interest rate curve, which had been declining, may undergo a re-pricing if inflationary pressure persists and the Central Bank has to raise the current interest rate levels further.”)— Braian Largura, sócio do VNT Investimentos
Impactos e previsões
A desaceleração da inflação tem efeitos diretos na indústria e no bolso do consumidor, especialmente em segmentos como alimentação e saúde, que pressionaram o índice em abril. A valorização do real e a queda no preço das commodities também são apontadas como fatores que poderão contribuir para a redução das expectativas inflacionárias em 2025. José Cassiolato, sócio da RGW Investimentos, destaca:
“Veremos algumas características aqui de curto prazo, principalmente a valorização do real contra o dólar e a queda no preço das commodities como um fator de redução das expectativas de inflação para 2025.”
(“We will see some short-term characteristics here, mainly the appreciation of the real against the dollar and the drop in commodity prices as a factor reducing inflation expectations for 2025.”)
Na avaliação de André Braz, economista do FGV IBRE, o segundo semestre poderá apresentar um cenário mais favorável para a desaceleração da inflação, mas os desafios permanecem e exigem monitoramento contínuo:
“Eu acho que no início do segundo semestre, quem sabe em junho, a gente já consiga um cenário um pouco mais favorável à desaceleração da inflação, da taxa em 12 meses, mas até lá os desafios vão persistir e a gente ainda vai ter que monitorar de perto esse espalhamento da inflação.”
(“I think that at the beginning of the second semester, maybe in June, we may achieve a somewhat more favorable scenario for the deceleration of inflation, the 12-month rate, but until then the challenges will persist and we will still have to closely monitor this inflation spreading.”)— André Braz, economista do FGV IBRE
O ritmo da atividade econômica também aparece como um fator relevante para alinhar a inflação à meta no médio prazo, conforme avalia Leonardo Costa, economista do ASA. Dessa forma, o cenário próximo envolve cautela na condução da política monetária, mantendo o controle da inflação sem comprometer a estabilidade econômica.
Após a desaceleração do IPCA em abril, o mercado deve acompanhar atentamente os próximos indicadores e a decisão do Banco Central na reunião de junho, que poderá confirmar a manutenção da taxa Selic em 14,75% ao ano ou ajustes modestos conforme as pressões inflacionárias se comportem.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)