
Cambridge, EUA — InkDesign News — A inteligência artificial (IA) tem emergido como uma ferramenta complementar no campo da arquitetura, impulsionando uma evolução na criação e concepção dos espaços construídos. Arquitetos de instituições como a Hines College of Architecture and Design exploram novos modelos de IA para ampliar possibilidades criativas e funcionais sem substituir o controle humano sobre o processo projetual.
Contexto da pesquisa
Desde a década de 1960, com programas pioneiros como o Sketchpad, a tecnologia tem desempenhado um papel fundamental na transformação das práticas arquitetônicas, substituindo gradativamente o desenho manual por recursos digitais como Revit, SketchUp e BIM. Esses sistemas auxiliam desde a criação detalhada de plantas até a análise do consumo energético e a conformidade com normas de construção. Recentemente, a incorporação de modelos de inteligência artificial representa uma nova fase desse avanço tecnológico, suscitando debates na comunidade acadêmica e profissional. Em exposições como a “Transductions”, promovida por estudantes e pesquisadores da Hines College, a IA é encarada não como uma ameaça, mas como uma ferramenta que amplia o repertório projetual.
Método e resultados
Entre os algoritmos utilizados destaca-se o modelo de difusão estável (Stable Diffusion), capaz de gerar imagens a partir de dados de treino em grandes bases visuais. No entanto, segundo Andrew Kudless, da Hines College, a ferramenta enfrenta limitações ao tentar compor imagens realistas, reproduzindo, em vez disso, características predominantes presentes em espaços latentes locais. Esse comportamento reflete o desafio intrínseco dos modelos generativos em equilibrar a inovação criativa com a coerência formal necessária ao projeto arquitetônico.
“Eu aprecio que é algo um pouco inquietante para as pessoas, [mas] sinto uma familiaridade com a retórica.”
(“I do appreciate that it’s a somewhat unnerving thing for people, [but] I feel a familiarity with the rhetoric.”)— Vigneri-Beane, arquiteto e pesquisador
O alto investimento temporal exigido para direcionar a IA a resultados interessantes reafirma o papel ativo do profissional no processo. “Meu vocabulário arquitetônico se tornou muito mais preciso e meu senso visual recebeu um exercício intenso, ativando músculos que tinham atrofiado um pouco”, observa Vigneri-Beane, destacando a complementaridade entre o criador e a máquina.
Implicações e próximos passos
Os especialistas reconhecem que a IA é uma ferramenta poderosa que, embora não defina o futuro total da arquitetura, expande o leque de meios e suportes disponíveis para a representação e geração de ideias. Segundo Vien, “acho que essas são ferramentas extremamente poderosas para um arquiteto e designer. Será que é o futuro inteiro da arquitetura? Não, mas é um meio que pode expandir a longa história de meios que os arquitetos usam”. A adoção ampla, contudo, depende de compreensão aprofundada dos limites técnicos e desafios éticos, como a autenticidade autoral e o impacto social das construções geradas parcialmente por IA.
À medida que o diálogo entre arquitetura e inteligência artificial avança, espera-se que a integração dessas tecnologias amplie a qualidade e a inovação na produção do espaço construído, promovendo um futuro em que humanos e máquinas colaboram para redefinir o ambiente urbano e habitacional.
Fonte: (MIT Technology Review – Artificial Intelligence)