
São Paulo — InkDesign News — A segunda edição do programa Já É, promovida pelo Fundo para Equidade Racial Baobá, com inscrições até 6 de junho, oferece bolsas de R$ 700 para estudantes negros entre 20 e 25 anos, com foco em inovação pedagógica para acesso ao ensino superior.
Contexto educacional
O Programa Já É nasce em um contexto marcado por desigualdades educacionais que persistem no Brasil. Segundo o último Censo da Educação Superior (2023), divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), os 25% mais ricos têm em média 13,5 anos de estudo, níveis significativamente superiores aos 10,5 anos observados entre os 25% mais pobres. A discrepância racial também é expressiva: enquanto a média de anos de estudo entre brancos é de 12,4 anos, entre pretos e pardos esse índice cai para 11,4 anos. O programa contribui para a Meta 8 do Plano Nacional de Educação (PNE), que visa igualar a escolaridade média entre negros e não negros.
Políticas e iniciativas
O Fundo Baobá lançou a segunda edição do Já É, que selecionará 30 jovens para receberem bolsas mensais de R$ 700 por um ano e cinco meses. Além do apoio financeiro, o programa oferece preparação para vestibulares, apoio psicológico individualizado, atividades e mentorias coletivas e individuais. A iniciativa ampliou seu alcance para estudantes de todo o Brasil, com cotas especiais para candidatos de áreas periféricas, rurais, quilombolas, pessoas com deficiência, egressos do sistema penitenciário, migrantes e refugiados. As vagas são distribuídas regionalmente, garantindo nove para as regiões Norte e Nordeste e quatro para Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
“Nossa intenção é ampliar horizontes de direitos, subsidiar a construção de novas competências e habilidades e, ao mesmo tempo, alimentar os sonhos de pessoas negras jovens de diferentes territórios e realidades. A universidade não é um fim em si mesmo, mas é um importante começo.”
— Fernanda Lopes, Diretora de Programa do Fundo Baobá
“Tive a grande felicidade de participar da primeira edição do programa Já É, que significou uma grande oportunidade de crescimento pessoal e acadêmico. Consegui ingressar na faculdade, hoje já estou estagiando na área financeira e aspiro também trabalhar com outras coisas, aprender novos idiomas e continuar me especializando profissionalmente.”
— Carlos Eduardo Cerqueira, Estudante de Administração da PUC-SP
Desafios e perspectivas
O Brasil enfrenta desafios estruturais na garantia de igualdade educacional, como a precariedade da infraestrutura, a desigualdade econômica e social, e os efeitos do racismo estrutural. A faixa etária ajustada do programa, entre 20 e 25 anos, reflete a necessidade de políticas que acompanhem jovens em diferentes etapas da vida acadêmica e profissional. A gestão direta das bolsas pelos estudantes visa também fomentar autonomia e responsabilidade, ampliando o impacto pedagógico do programa. A inclusão de suporte psicológico e mentorias demonstra a atenção à complexidade das barreiras enfrentadas pelo público-alvo. A ampliação do programa para atender a todo o território nacional e as categorias prioritárias busca maior abrangência e equidade no acesso ao ensino superior.
Fonte: (Agência Brasil – Educação)