
Brasília — InkDesign News — Três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais, aponta o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) divulgado em maio de 2025. O estudo, que ressalta a necessidade urgente de inovação pedagógica e maior investimento em currículo, evidencia a dificuldade e impacto da pandemia na alfabetização.
Contexto educacional
O Inaf, que voltou a ser realizado após seis anos, avalia habilidades de leitura, escrita e matemática de 2.554 participantes em todo o país. O percentual de analfabetos funcionais permanece estável em 29% desde 2018, porém o índice para jovens de 15 a 29 anos subiu de 14% para 16% em 2024, sinalizando retrocesso possivelmente devido aos fechamentos escolares durante a pandemia. O indicador classifica alfabetismo em quatro níveis, destacando que 36% da população está no nível elementar, capaz de interpretar textos de extensão média e realizar operações matemáticas básicas, enquanto apenas 10% atingem o nível proficiente.
Políticas e iniciativas
O estudo, coordenado pela Ação Educativa e consultoria Conhecimento Social, tem parceria com a Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Unicef e Unesco. Ressalta-se a importância de políticas públicas integradas que enfatizem o currículo e investimento em educação básica, visando ampliar a alfabetização funcional e digital na população. Segundo Esmeralda Macana, coordenadora do Observatório Fundação Itaú:
“A gente vai precisar melhorar o ritmo de como estão acontecendo as coisas porque estamos já em um ambiente muito mais acelerado, em meio a tecnologias, à inteligência artificial”, diz. “E aumentar a qualidade. Precisamos garantir que as crianças, os jovens, os adolescentes que estão ainda, inclusive, no ensino fundamental, possam ter o aprendizado adequado para a sua idade e tudo aquilo que é esperado dentro da educação básica”.
— Esmeralda Macana, coordenadora do Observatório Fundação Itaú
Desafios e perspectivas
Roberto Catelli, coordenador da área de educação de jovens e adultos da Ação Educativa, destaca que a ausência de domínio da leitura e escrita é “uma limitação muito grave”, agravando exclusão social e econômica. Há disparidades marcantes entre grupos étnico-raciais: entre brancos, 28% são analfabetos funcionais; entre negros, 30%; e entre indígenas e amarelos, 47%. Mesmo entre trabalhadores com ensino superior, 12% apresentam analfabetismo funcional, indicando desafios estruturais e desigualdades persistentes no acesso e qualidade do ensino.
“Um resultado melhor só pode ser alcançado com políticas públicas significativas no campo da educação e não só da educação, também na redução das desigualdades e nas condições de vida da população. Porque a gente vê que quando essa população continua nesse lugar, ela permanece numa exclusão que vai se mantendo e se reproduzindo ao longo dos anos”.
— Roberto Catelli, coordenador da área de educação de jovens e adultos, Ação Educativa
A incorporação de alfabetismo digital nesta edição do Inaf aponta para a necessidade urgente de adaptações curriculares e metodológicas, sobretudo diante da crescente presença das tecnologias e inteligência artificial no cotidiano educacional. O fortalecimento da infraestrutura e ampliação do alcance das políticas públicas são imperativos para provocar avanços efetivos.
O avanço nas taxas de alfabetização funcional configurará um passo essencial para promover maior equidade social, inclusão e desenvolvimento econômico do Brasil, requerendo esforços coordenados entre governo, setor privado e sociedade civil.
Fonte: (Agência Brasil – Educação)