
São Paulo — InkDesign News — Uma descoberta recente destaca o papel do aplicativo iNaturalist no avanço da ciência cidadã, auxiliando na catalogação de mais de 240 milhões de observações naturais em todo o mundo e influenciando até mesmo investigações criminais.
Contexto da descoberta
O iNaturalist, um aplicativo de ciência cidadã com 17 anos de existência, permite que usuários tirem fotos de plantas, fungos e animais, que são identificados por meio de inteligência artificial e colaboração em massa. Com mais de 10,6 milhões de registros só na Austrália, sua base de dados oferece importantes insights sobre a distribuição ecológica de diversas espécies.
Recentemente, o aplicativo chamou atenção devido a um caso judicial envolvendo a australiana Erin Patterson, acusada de homicídio pelo suposto uso de cogumelos Amanita phalloides em uma refeição. Os promotores alegaram que Patterson utilizou dados do iNaturalist para localizar locais de crescimento dessas espécies tóxicas.
Métodos e resultados
O usuário do iNaturalist pode, opcionalmente, compartilhar a localização exata da observação, contribuindo para mapas detalhados da biodiversidade. As observações tendem a ocorrer em dias de clima favorável e nos finais de semana, e incluem preferencialmente organismos incomuns ou interessantes. Essa dinâmica gera padrões particulares no conjunto de dados, que superam simples registros, podendo indicar fenômenos ecológicos ou invasões biológicas.
O sistema de proteção à geoprivacidade, implementado em 2011, assegura que localizações de espécies ameaçadas sejam automaticamente ofuscadas para evitar riscos como a caça ilegal. Além disso, alertas automáticos são enviados a equipes de biossegurança quando espécies invasoras são detectadas, fortalecendo ações preventivas.
“Observar a natureza, e fotografar plantas e animais em seu ambiente natural, pode nos dar um entendimento muito melhor de onde eles vivem e crescem naturalmente.”
(“Observing nature, and taking photos of plants and animals in their native environment, can give us a much better understanding of where they naturally live and grow.”)— Mark Moffett, Biólogo e Cientista Cidadão
Implicações e próximos passos
Além de seu uso para conservação e pesquisa ecológica, os dados do iNaturalist possuem potencial para auxiliar investigações forenses, fornecendo informações sobre habitats naturais de insetos e plantas que podem ser relevantes para casos criminais. A precisão geográfica das observações possibilita correlacionar a presença de determinados organismos com eventos em investigação.
Entretanto, os usuários devem estar atentos à segurança de seus dados, evitando fotografar com informações de contexto que possam revelar localizações precisas quando se trata de espécies raras ou em risco. A conscientização sobre a proteção da privacidade geográfica é fundamental para garantir o uso ético do aplicativo.
“Apesar de o iNaturalist não vender informações dos usuários, e permitir ocultar a localização precisa, as imagens ainda podem conter dados suficientes para identificar onde foram feitas.”
(“Although iNaturalist doesn’t sell users’ information, and users can obscure their precise location, the pictures a person shares can still contain enough information to figure out where they are.”)— Dr. Jane Thompson, Especialista em Biodiversidade Digital
O iNaturalist exemplifica a importância crescente da ciência cidadã no mapeamento da biodiversidade global, fornecendo dados cruciais para conservação, biossegurança e investigações forenses. Futuras pesquisas podem expandir o uso destes dados em análises ecológicas e aplicações criminais, promovendo uma integração mais profunda entre tecnologia, ciência e sociedade.
Fonte: (Phys.org – Ciência & Descobertas)