
São Paulo — InkDesign News — O mercado de trabalho aquecido e o aumento da renda habitual impulsionaram o número de brasileiros com algum tipo de rendimento para um recorde de 143,4 milhões em 2024, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Panorama econômico
O cenário econômico brasileiro em 2024 tem se beneficiado de uma conjuntura de juros estabilizados após ciclos de alta, e de uma inflação menor, que favorece a ampliação do poder de compra da população. A política monetária conduzida pelo Banco Central, com a taxa Selic em patamar considerado terminal para essa fase, contribuiu para o aumento do emprego e da renda real dos trabalhadores.
Além disso, o aumento na participação de programas sociais do governo, especialmente do Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS), está alinhado às estratégias fiscais para mitigar desigualdades sociais sem impactar desproporcionalmente as contas públicas.
Indicadores e análises
O total de pessoas com rendimento alcançou 143,4 milhões, sendo 101,9 milhões decorrentes do rendimento habitual do trabalho, o maior já registrado. Os beneficiários de aposentadoria e pensão atingiram 29,2 milhões. Os programas sociais tiveram aumento de 18,6 milhões em 2023 para 20,1 milhões em 2024, ainda distantes do ápice de 27,5 milhões observado durante a pandemia.
O rendimento médio de todas as fontes subiu 2,9% em relação ao ano anterior, alcançando R$ 3.057, o maior da série histórica iniciada em 2012. O rendimento médio mensal real do trabalho também atingiu recorde, R$ 3.225, alta de 3,7%. Em contrapartida, o valor médio do rendimento proveniente de outras fontes caiu ligeiramente (-0,1%), para R$ 1.915.
A participação do rendimento do trabalho na composição do rendimento domiciliar per capita cresceu de 74,2% para 74,9% no período. Já os outros rendimentos, como aposentadoria, aluguel, pensão alimentícia e programas sociais, compõem os restantes 25,1%, com destaque para a aposentadoria e pensão, que representam 16,8%.
Houve também mudança na composição dos beneficiários dos programas sociais: o Bolsa Família recuou de 19,0% para 18,7% dos domicílios, enquanto o BPC-LOAS aumentou sua participação de 4,2% para 5,0%, maior percentual da série histórica.
“Houve alta em programas sociais, mas não é Bolsa Família. A gente observa, principalmente, uma variação positiva do BPC-LOAS e de outros programas sociais”
(“There was an increase in social programs, but it is not Bolsa Família. We mainly observe a positive variation in BPC-LOAS and other social programs.”)— Gustavo Fontes, Técnico da pesquisa do IBGE
Impactos e previsões
O aumento do emprego e o incremento real nos salários têm impulsionado a economia interna, com melhoria no consumo das famílias e fortalecimento de setores produtivos. A maior distribuição de renda, entretanto, exige acompanhamento constante para evitar pressões inflacionárias e garantir sustentabilidade fiscal.
“Para Gustavo Fontes, o indicador é importante para aferir que a destinação de recursos está beneficiando as famílias mais vulneráveis, público-alvo do programa de transferência de renda.”
(“For Gustavo Fontes, this indicator is important to assess that the allocation of resources is benefiting the most vulnerable families, the target audience of the income transfer program.”)— Gustavo Fontes, Técnico da pesquisa do IBGE
Especialistas alertam para a necessidade de políticas que mantenham o equilíbrio entre estímulo econômico e controle das contas públicas, especialmente frente a desafios globais e internos, como variações no mercado internacional e pressões políticas por ajustes fiscais. A atuação coordenada entre governo, mercado e sociedade será crucial para manter o avanço dos indicadores sociais e econômicos.
O ano de 2024 indica, portanto, uma fase marcada por recuperação da renda e inclusão social, com efeitos positivos sobre o PIB e o mercado consumidor, embora desafios fiscais e de distribuição permaneçam como campos prioritários para atenção contínua.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)