
Brasília — InkDesign News — O governo federal reagiu na sexta-feira (23) à nova classificação da Comissão Europeia sobre risco de desmatamento, que colocou o Brasil na categoria de “risco médio”, conforme a lei antidesmatamento europeia. A medida gerou resposta oficial do Ministério das Relações Exteriores, manifestando “preocupação” com a decisão.
Contexto político
A classificação europeia integra a lei antidesmatamento, que visa monitorar e limitar a importação de produtos que possam estar ligados à destruição ambiental em países produtores. O Brasil, que possui a maior área de floresta tropical nativa do planeta, passou a constar na categoria “risco médio”, uma elevação em relação a avaliações anteriores. Este movimento ocorre em meio a intensas negociações sobre políticas ambientais globais e pressões internacionais para conter o desmatamento na Amazônia. O posicionamento da legislação europeia tem causado debates sobre critérios técnicos e impacto econômico.
Reações e debates
Em comunicado oficial, o Itamaraty reafirmou a crítica brasileira à lei, ressaltando que ela impõe “ônus significativo e desproporcional” aos países que praticam agricultura responsável, como o Brasil, podendo afetar principalmente pequenos produtores. O governo destaca ainda que a classificação atribui risco maior a países com agricultura em clima temperado do que àqueles que preservam grandes florestas tropicais nativas, o que consideram “motivo de estranheza”.
“O governo brasileiro reitera seu posicionamento crítico a respeito da lei antidesmatamento europeia”.
— Ministério das Relações Exteriores
“Em especial, é motivo de estranheza que a grande maioria dos países que ainda detêm e preservam as maiores áreas de floresta tropical nativa do planeta tenham sido classificados em categoria de risco superior à de países que praticam agricultura de clima temperado.”
— Ministério das Relações Exteriores
O Itamaraty ainda informou que a metodologia e as fontes de dados daquela lista serão “examinadas de forma detalhada” pelo governo brasileiro.
Desdobramentos e desafios
No âmbito nacional, os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam uma queda anual de 5% no desmatamento da Amazônia entre agosto de 2024 e abril de 2025, totalizando 2.542 km², o melhor índice desde 2016. Entretanto, o mês de abril de 2025 registrou um aumento atípico de 55% na área desmatada em relação ao mesmo mês do ano anterior, o que acendeu alertas no governo.
O Ministério do Meio Ambiente classificou o pico como “atípico,” e está avaliando o comportamento do mês. Em resposta, o governo levou o tema à Comissão Interministerial de Prevenção e Controle do Desmatamento, que tem reforçado ações de fiscalização e prevenção para evitar reverter a tendência positiva.
O desafio do governo agora é conciliar suas ações internas de combate ao desmatamento com a pressão internacional para manter e ampliar resultados, evitando impactos econômicos para a agricultura sustentável e preservando a imagem do país no cenário global. O acompanhamento rigoroso das metodologias adotadas externamente será fundamental para o diálogo diplomático em torno da pauta ambiental.
Fonte: (CNN Brasil – Política)