
Brasília — InkDesign News — O governo Lula enfrenta o desafio de equilibrar medidas populistas e a responsabilidade fiscal em um cenário político marcado pela necessidade de ampliar a base de apoio antes das eleições de 2026 e pela repercussão de escândalos recentes. A estratégia adotada visa estimular a economia de forma gradual sem comprometer as finanças públicas.
Contexto político
Desde o início do mandato, a gestão Lula tem buscado um meio-termo entre políticas sociais expansionistas e a manutenção do equilíbrio fiscal, cenário que se intensifica em caráter estratégico com a aproximação do pleito presidencial de 2026. Medidas como a troca da dívida de hospitais privados para desafogar o Sistema Único de Saúde (SUS), isenção do pagamento da conta de luz para famílias de baixa renda, novo vale-gás e incentivos para crédito habitacional compõem um conjunto de ações que têm trânsito cauteloso no Congresso, onde a articulação partidária é fundamental para a aprovação dessas iniciativas. A condução do projeto requer atenção aos impactos fiscais, dado o risco de instabilidades econômicas, especialmente em meio ao recente episódio de desvalorização cambial que levou o dólar a atingir R$ 6,20 em dezembro do ano anterior.
Reações e debates
Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group, observa que o governo “está adotando uma abordagem de ‘pinga-gotas’, anunciando medidas de crédito que não impactam profundamente as contas públicas, mas que ainda assim estimulam a economia”.
“O governo está adotando uma abordagem de ‘pinga-gotas’, anunciando medidas de crédito que não impactam profundamente as contas públicas, mas que ainda assim estimulam a economia.”
— Christopher Garman, Diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group
Essa cautela é reflexo da preocupação com a sustentabilidade fiscal, reforçada pela experiência recente de volatilidade cambial. O desafio imediato é otimizar a aprovação das políticas sociais sem que isso represente um endurecimento das metas fiscais. Entre os partidos, há debates sobre o alcance e o custo dessas intervenções sociais, enquanto a oposição exige maior controle e investigação, como evidencia o pedido para instalação da CPI do INSS.
Desdobramentos e desafios
O governo precisa conciliar a urgência de ampliar o apoio popular, atualmente em torno de 43% de aprovação, com a necessidade de evitar pressões inflacionárias e manter a confiança dos mercados. A estabilidade fiscal continua sendo um eixo central da governança econômica, fundamental para evitar episódios de alta volatilidade cambial e garantir a continuidade dos investimentos. A agenda social proposta, ainda em fase incremental, sinaliza uma tentativa de estimular o consumo e a economia sem agravar as contas públicas. O sucesso dessa estratégia pode determinar os rumos das negociações políticas e o cenário eleitoral nos próximos anos.
“Uma mudança drástica nas metas fiscais poderia levar a uma desvalorização do câmbio.”
— Christopher Garman, Diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group
A trajetória desta agenda dependerá do desempenho na aprovação legislativa e do equilíbrio crescente entre demandas sociais e disciplina fiscal, condicionando os resultados eleitorais e a gestão econômica futura.
Fonte: (CNN Brasil – Política)