
Barueri, São Paulo — InkDesign News — A Prefeitura de Barueri demitiu na sexta-feira (16) o secretário de Educação, Celso Furlan, após a divulgação de um áudio em que ele faz declarações capacitistas sobre alunos com deficiência. O conteúdo foi gravado durante reunião de trabalho na secretaria, gerando ampla repercussão e indignação.
Contexto político
Celso Furlan, conhecido como Professor Furlan, estava à frente da Secretaria de Educação de Barueri, na Grande São Paulo, e vinha conduzindo um estudo sobre inclusão escolar de pessoas com deficiência (PcDs). A pauta da educação inclusiva tem ganhado importância crescente no Brasil, alinhada a políticas públicas que buscam garantir acesso e permanência desses alunos no sistema educacional regular. No entanto, declarações capacitistas como as proferidas por Furlan colocam em xeque esse avanço e a credibilidade das ações desenvolvidas pela administração municipal.
Reações e debates
Nas falas gravadas, o ex-secretário afirmou que certos alunos com deficiência “não têm condições de aprender nada” e que mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) querem “se livrar do filho e que nós cuidemos deles”. Além disso, afirmou que estudantes PcDs “usam comprovante falso” para garantir vagas. Após o vazamento do áudio, Furlan foi demitido do cargo e publicou uma nota nas redes sociais alegando que suas declarações foram retiradas de contexto.
“Em relação à gravação que circula nas redes sociais, venho a público esclarecer que as declarações foram retiradas do contexto original. Se trata de um recorte. O assunto foi tema de uma reunião de trabalho, onde se discutia a criação de ambientes escolares com mais oportunidades de aprendizado e infraestrutura aos alunos com deficiência.”
— Celso Furlan, ex-secretário da Educação de Barueri
A repercussão foi negativa entre ativistas, especialistas em educação inclusiva e autoridades que defendem os direitos das pessoas com deficiência, destacando a importância de uma comunicação respeitosa e inclusiva no serviço público.
“Tem caso de deficiente caminhante, cadeirante que não mexe nenhum membro do corpo, nada, todo tortinho, não tem condição de aprender nada. A mãe leva, sabe por quê? Para ficar quatro, cinco horas longe do filho.”
— Celso Furlan, ex-secretário da Educação de Barueri
Desdobramentos e desafios
Além da demissão de Furlan, o caso reacende debates sobre o avanço e os limites da inclusão escolar no Brasil, sobretudo em municípios com limitações estruturais. A prefeitura afirmou que Barueri é referência em educação inclusiva e que mantém um estudo em andamento para aprimorar o atendimento aos alunos com deficiência. O desafio está em garantir que políticas públicas sejam implementadas com base no respeito à diversidade e na valorização da equidade educacional.
Especialistas indicam que a transparência na comunicação e a formação continuada dos profissionais da educação são essenciais para transformar concepções errôneas e eliminar o capacitismo institucional, promovendo um ambiente escolar realmente inclusivo.
O episódio em Barueri destaca a necessidade de monitoramento rigoroso das práticas administrativas e de políticas públicas que assegurem os direitos das pessoas com deficiência, com sustentabilidade e respeito pleno à Constituição e à legislação vigente.
Fonte: (CNN Brasil – Política)