
Montevidéu, Uruguai — InkDesign News — O governo brasileiro decretou luto oficial de três dias, a partir de terça-feira (13), pela morte de José Alberto Mujica Cordano, o “Pepe Mujica”, ex-presidente do Uruguai, falecido aos 89 anos em Montevidéu. O decreto foi assinado pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, e publicado em edição extra do Diário Oficial da União.
Contexto político
José Mujica, nascido em 1935 em Montevidéu, teve uma trajetória marcada pela militância política intensa que iniciou no Partido Nacional e posteriormente na formação do principal grupo guerrilheiro do Uruguai, o MLN-Tupamaros. Preso e torturado durante a ditadura uruguaia, passou mais de uma década encarcerado antes de chegar à presidência do país, mandato que exerceu entre 2010 e 2015. Reconhecido internacionalmente, Mujica destacou-se por sua postura austera e compromisso com políticas sociais e integração regional. Nos últimos anos, foi um entusiasta do MERCOSUL, da UNASUL e da CELAC, promovendo a integração da América do Sul e da América Latina.
Reações e debates
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita oficial à China, prestou homenagem pública ao ex-presidente uruguaio, ressaltando a importância de sua vida e legado. Lula destacou:
“Amanheci em Pequim com a triste notícia de que Pepe Mujica partiu hoje, nos deixando cheios de tristeza, mas também de muitos aprendizados. Sua vida foi um exemplo de que a luta política e a doçura podem andar juntas. E de que a coragem e a força podem vir acompanhadas da humildade e do desapego.”
(“I woke up in Beijing with the sad news that Pepe Mujica left us today, leaving us full of sadness, but also many lessons. His life was an example that political struggle and gentleness can go hand in hand. And that courage and strength can come accompanied by humility and detachment.”)— Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República do Brasil
O Ministério das Relações Exteriores destacou o papel do ex-presidente como defensor da justiça social e da integração regional, ressaltando sua amizade com o Brasil e atuação nos blocos regionais.
“Grande amigo do Brasil, o ex-presidente Mujica foi um entusiasta do MERCOSUL, da UNASUL e da CELAC, um dos principais artífices da integração da América do Sul e da América Latina e, sobretudo, um dos mais importantes humanistas de nossa época.”
— Ministério das Relações Exteriores, Brasil
Desdobramentos e desafios
Além da repercussão política, essas manifestações indicam o reconhecimento da importância da integração regional e dos valores humanistas que Mujica defendia. O luto oficial decretado no Brasil sinaliza uma homenagem institucional que reforça laços diplomáticos e valoriza trajetórias políticas voltadas para a justiça social e cooperação internacional. O Brasil segue sob pressão para fortalecer sua participação em blocos regionais, em um momento de desafios econômicos e geopolíticos globais. A figura de Mujica simboliza a aposta numa América Latina mais justa e integrada, que poderá servir de inspiração para futuras agendas políticas na região.
O legado do ex-presidente uruguaio permanece como um ponto de referência nos debates sobre políticas públicas inclusivas, solidariedade regional e ética na política, temas que continuam na pauta dos governos sul-americanos.
Fonte: (CNN Brasil – Política)