
Brasília — InkDesign News — O governo federal articula a contenção da oposição no Congresso que tenta instaurar comissões parlamentares para investigar fraudes no INSS, enquanto trabalha para encontrar soluções à crise previdenciária; a oposição adiou o protocolo do pedido de CPI para 28 de abril.
Contexto político
O adiamento do pedido de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre as fraudes no INSS, inicialmente previsto para 6 de abril, foi motivado pelo receio de que parlamentares retirem assinaturas de última hora, segundo líderes oposicionistas. O pedido deve ser lido em sessão conjunta do Congresso no dia 28 para que a comissão possa funcionar. A sinalização contrária do presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que manifestou indisposição para instaurar o colegiado, também contribuiu para o adiamento. Alcolumbre viaja com o presidente Lula para a Rússia, enquanto o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reafirma a falta de compromisso da direção da Casa em abrir a CPI, citando uma fila de pedidos.
Reações e debates
Governistas acreditam que o tempo poderá esfriar os ânimos e facilitar o avanço das investigações. Paralelamente, o governo monitora o impacto financeiro do rombo causado pelas fraudes e estuda ressarcir as vítimas. O presidente Lula manteve reunião de quase três horas no Palácio da Alvorada com ministros envolvidos na crise previdenciária, sem anúncios públicos ao final. O presidente do INSS, Gilberto Waller, informou
“que o pagamento seria feito de maneira automática na mesma conta em que o governo deposita o benefício mensalmente.”
— Gilberto Waller, presidente do INSS
A pressão para solução vem também do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, que cobra medidas em até 15 dias para ressarcimento das vítimas, incluindo a identificação da origem dos recursos.
Dentro do governo, parte dos governistas apontam erro na abordagem do caso como “caso de polícia,” defendendo que a Controladoria-Geral da União (CGU) deveria ter anunciado primeiramente as irregularidades para fortalecer a imagem de combate à corrupção, deixando depois a investigação para a Polícia Federal. No PT, há quem defenda maior investimento em pautas sociais com apelo popular, como o projeto que acaba com a escala 6 por 1.
A crise no INSS abala um dos grupos mais fiéis ao presidente Lula: pesquisa Genial/Quaest de março mostra que 50% dos brasileiros acima de 60 anos aprovam Lula, contra 46% de desaprovação; entre jovens de 16 a 34 anos, a aprovação cai para 33%, a desaprovação sobe para 64%.
A bancada do PDT na Câmara anunciou o rompimento da base aliada, mantendo independência e sinalizando possível apoio à CPI desde que seu escopo inclua o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“A bancada até já sinalizou que pode apoiar a iniciativa da oposição de criar uma CPI ou CPMI sobre o INSS, condicionando o apoio à ampliação do escopo da investigação para incluir também o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.”
— Deputados da bancada do PDT, Câmara dos Deputados
Desdobramentos e desafios
Aliados de Lula trabalham para garantir uma governabilidade mínima que permita a aprovação da reforma do Imposto de Renda, enfrentando o cenário de alianças instáveis no Congresso. A falta de garantias de apoio por parte do Centrão também aponta desafios para a agenda política e para a preparação eleitoral de 2026.
O andamento das investigações, a resposta do governo para ressarcir os beneficiários prejudicados e o embate político na criação da CPI marcam o próximo capítulo da crise no INSS, com potencial impacto na estabilidade política e social do país.
Fonte: (CNN Brasil – Política)