
Bahia — InkDesign News —
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), gerou polêmica ao sugerir, em discurso no município de João Dourado, na última sexta-feira (2), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus eleitores fossem levados “para a vala”. A declaração repercutiu intensamente no cenário político brasileiro, em meio ao clima de polarização próximo das eleições.
Contexto político
Jerônimo Rodrigues discursava sobre a atuação do governo Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19, criticando também a relação do ex-presidente com governadores contrários. A fala que provocou controvérsia foi: “Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia, sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele e quem votou nele podia pagar também a conta! Fazia no pacote. Bota uma ‘enchedeira’. Sabe o que é uma ‘enchedeira’? Uma retroescavadeira, bota e leva tudo para a vala”.
O governador ainda fez um apelo aos eleitores: “Não entregue seu voto a um deputado federal, deputado estadual ou um prefeito que tiver fazendo aqui, pega teu voto, vem aqui, conversa, e lá vota contra a gente. Quem votou no outro presidente, votou contra o povo brasileiro. De olho, de olho, rejeite o apoio de quem trouxer dinheiro e depois trair a gente com esse voto, sabe? Triste na história da gente”.
Reações e debates
Questionado sobre o episódio, Jerônimo Rodrigues afirmou que sua fala foi “descontextualizada” e se dispôs a pedir desculpas caso o termo “vala” tenha sido considerado pejorativo. “Se o termo ‘vala’ foi pejorativo, o governador tem toda humildade para dizer: desculpem pelo termo, mas não houve a intenção nenhuma de desejar a morte de ninguém, nem de querer matar ninguém. Isso está longe da minha atitude, da minha e do meu grupo. Então se alguém se utilizou disso para querer colocar, em minha boca, palavra de ira, de revolta, não vai conseguir porque eu tenho a plena certeza e clareza da minha responsabilidade. A palavra de um governador pesa, por isso que eu estou dizendo do termo pejorativo da força da expressão”, afirmou.
“Esse tipo de discurso, vindo de uma autoridade de Estado, não apenas normaliza o ódio como incentiva o pior: a violência política, o assassinato moral e até físico de quem pensa diferente. É a institucionalização da barbárie com o verniz de ‘liberdade de expressão progressista’”
(“Esse tipo de discurso, vindo de uma autoridade de Estado, não apenas normaliza o ódio como incentiva o pior: a violência política, o assassinato moral e até físico de quem pensa diferente. É a institucionalização da barbárie com o verniz de ‘liberdade de expressão progressista’”)— Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil
Parlamentares aliados ao ex-presidente também criticaram as declarações. Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que o discurso sugere um desejo de violência física contra seus apoiadores e André Fernandes (PL-CE) associou o episódio a um movimento de “desespero” do governador diante do cenário político no Nordeste.
“Quando eu digo que se pudesse, esse pessoal matava a gente, duvidam. E ainda tem quem acredita que estamos lidando com apenas políticos com pensamentos contrários”
— Nikolas Ferreira, deputado federal (PL-MG)
Desdobramentos e desafios
A fala do governador Jerônimo Rodrigues lança luz sobre o clima de polarização e as tensões que permeiam o debate político no Brasil, especialmente em períodos eleitorais. Além de suscitar críticas, o episódio ressalta os desafios de manter um debate público pautado por respeito, mesmo diante dos desentendimentos ideológicos profundos.
O impacto da declaração deve ser acompanhado nas próximas semanas, sobretudo em um ambiente marcado pela preparação para as eleições e pela articulação de alianças políticas. A repercussão pode influenciar posicionamentos de lideranças e eleitores, enquanto setores da sociedade civil e instituições debatem os limites da liberdade de expressão e os riscos do discurso de ódio.
O episódio evidencia a necessidade de um diálogo mais construtivo entre os atores políticos para evitar o agravamento da polarização e fortalecer a democracia brasileira, principalmente em contextos eleitorais delicados.
Fonte: (CNN Brasil – Política)