
São Paulo — InkDesign News — O recente lançamento do AlphaGenome, um sistema de inteligência artificial desenvolvido pelo Google, promete transformar a biotecnologia e a compreensão genética, habilitando novos métodos de diagnóstico para cânceres e doenças genéticas raras.
Contexto científico
O AlphaGenome é fundamentado na arquitetura transformer, conhecida por alimentar modelos de linguagem avançados, como o GPT-4, e foi treinado em vastos volumes de dados experimentais oriundos de projetos científicos públicos. O professor Lareau comenta que, embora o sistema não vá alterar drasticamente as práticas diárias de seu laboratório, ele apresenta a possibilidade de novos tipos de pesquisa. A proposta é que, em casos de cânceres raros com mutações pouco conhecidas, o AlphaGenome possa identificar quais mutações são determinantes para a doença, sugerindo tratamentos apropriados.
Metodologia e resultados
A metodologia do AlphaGenome envolve análises complexas de sequenciamento genético e interpretação de dados em larga escala. Em pesquisas dedicadas, os cientistas podem explorar mutações em nível genético, utilizando técnicas como CRISPR e bioreatores para entender como essas alterações influenciam a expressão gênica. “Um marco do câncer é que mutações específicas no DNA fazem com que genes errados sejam expressos em contextos inadequados,” afirma Julien Gagneur, professor de medicina computacional na Universidade Técnica de Munique. “Este tipo de ferramenta é instrumental para restringir quais mutações prejudicam a expressão gênica adequada”.
Implicações clínicas
As implicações clínicas do AlphaGenome são significativas, especialmente para pacientes que enfrentam doenças genéticas raras. Muitos indivíduos frequentemente recebem diagnósticos sem que suas causas genéticas sejam reveladas, mesmo com genomas decifrados. “Temos acesso a seus genomas, mas não sabemos quais alterações genéticas são a origem da condição,” diz Gagneur. A expectativa é que essa nova tecnologia ajude a diagnosticar esses casos obscuros, além de oferecer novas abordagens para estudos de drogas em um laboratório virtual. O CEO do Google DeepMind, Demis Hassabis, compartilha sua visão futura, afirmando que sonha em “simular uma célula virtual” como um passo na evolução da biotecnologia.
O impacto potencial do AlphaGenome e de iniciativas semelhantes pode um dia revolucionar a medicina personalizada, embora a aplicação prática em testes humanos e a aprovação regulatória permaneçam como desafios a serem superados. A próxima fase de pesquisa envolverá um maior entendimento das interações complexas dentro do genoma e o desenvolvimento de protocolos rigorosos para validação dos resultados.
Fonte: (MIT Technology Review – Biotecnologia e Saúde)