
São Paulo — InkDesign News — A atividade global de fusões e aquisições (M&A) registrou em abril o menor nível em 20 anos, refletindo a instabilidade provocada pela guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O cenário envolve tensões fiscais, inflação persistente e incertezas sobre políticas de juros, influenciando decisivamente executivos e mercados globais.
Panorama econômico
Em 2 de abril, o presidente Donald Trump anunciou tarifas sobre importações dos EUA para diversos países, desencadeando uma série de retaliações comerciais ao redor do mundo. Essa medida, parte da escalada da guerra comercial global, provocou volatilidade nos mercados financeiros e um arrefecimento significativo nas negociações de fusões e aquisições, que historicamente indicam a saúde econômica global. Além disso, ameaças de interferência na independência do Federal Reserve, com o anúncio de possível demissão de seu presidente Jerome Powell, aumentaram a incerteza no ambiente de negócios.
Indicadores e análises
Dados da Dealogic compilados para a Reuters mostraram que, em abril, foram assinados globalmente apenas US$ 243 bilhões em fusões e aquisições, uma queda de aproximadamente 54% em relação a março e 20% abaixo da média mensal dos últimos 20 anos. Nos EUA, maior mercado do mundo para M&As, foram 555 acordos, o menor volume mensal desde maio de 2009.
O setor de tecnologia, que foca em ativos intangíveis como software e propriedade intelectual, foi responsável por quase 40% dos negócios assinados neste ano nos EUA, o que tem sido um ponto positivo em meio à crise. Outros segmentos, como telecomunicações, mídia, petróleo e gás, foram menos impactados pelas tarifas, enquanto indústrias como manufatura e saúde enfrentam mudanças relevantes em seus modelos de negócios, conforme explicações de especialistas do setor bancário.
“Aconselho os clientes a esperarem. CEOs e CFOs ainda não entenderam completamente como as tarifas os afetarão, então é melhor manter dinheiro em caixa até que haja mais clareza.”
(“I advise clients to wait. CEOs and CFOs still don’t fully understand how the tariffs will affect them, so it is better to keep cash on hand until there is more clarity.”)— Lorenzo Paoletti, Diretor-gerente, Truist Securities
“A volatilidade impacta as transações. Os compradores devem precificar esse risco adicional ou recuar e aguardar que a situação seja conhecida.”
(“Volatility impacts transactions. Buyers need to price in this additional risk or pull back and wait for the situation to be known.”)— Kevin Cox, Chefe global de M&A, Citi
Impactos e previsões
O efeito imediato é a postergação de fusões, aquisições e ofertas iniciais de ações (IPOs), impactando diretamente a arrecadação, a confiança empresarial e o panorama econômico. A incerteza sobre tarifas e políticas comerciais afeta desde fabricantes que dependem de insumos importados até empresas que exportam produtos acabados. A orientação de bancos de investimento a clientes é de cautela, dedicando tempo para avaliação detalhada dos riscos adicionais no modelo de negócios e nos retornos esperados.
Apesar do cenário negativo, negócios de grande valor, como a aquisição da Global Payments por US$ 24,25 bilhões, e a venda da subsidiária de software da Boeing por US$ 10,6 bilhões para a Thoma Bravo, ilustram que transações estratégicas continuam, sobretudo no setor tecnológico.
O futuro próximo deve observar a evolução das decisões políticas dos EUA e das respostas globais para que haja maior estabilidade e previsibilidade no ambiente econômico, possibilitando a retomada de negociações mais robustas e a recuperação da confiança nos mercados.
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Fonte: (CNN Brasil – Economia)