
Campinas — InkDesign News —
Um novo complexo de fabricação de mosquitos foi inaugurado em Campinas, interior de São Paulo, com o objetivo de oferecer soluções eficazes para a redução da transmissão da dengue e a supressão das populações do Aedes aegypti. A instalação, da Oxitec Brasil, começará a operar em resposta ao apelo da Organização Mundial da Saúde (OMS) por tecnologias inovadoras de controle de vetores.
Contexto e objetivos
A dengue é uma preocupação crescente na América Latina e na Ásia-Pacífico, onde os casos têm atingido níveis recordes. A nova unidade visa atender à demanda por intervenções rápidas, escaláveis e econômicas que possam ajudar comunidades e governos na luta contra a enfermidade. A proposta inclui a fabricação de mosquitos com a bactéria Wolbachia, que reduz a transmissão do vírus em até 75%, e a linha Aedes do Bem, projetada para diminuir as populações de mosquitos em comunidades urbanas.
Metodologia e resultados
O método Wolbachia envolve a liberação de mosquitos machos portadores da bactéria, que se reproduzem e resultam em descendentes incapazes de transmitir dengue, zika e chikungunya. Já o Aedes do Bem utiliza machos que, ao cruzarem com fêmeas locais, produzem apenas descendentes machos, reduzindo assim a população de fêmeas que picam. Natalia Verza Ferreira, diretora-executiva da Oxitec Brasil, explicou: “A Wolbachia é uma bactéria que está presente naturalmente em mais de 60% dos insetos, mas não no Aedes aegypti. Pesquisadores australianos tiveram a ideia de transferir essa bactéria para o Aedes aegypti para ver se ela conseguiria reduzir sua carga viral.”
“Os descendentes desse ‘casal’ serão apenas machos e todas as fêmeas morrem. É como se fosse um larvicida fêmea específico, porque as fêmeas morrem na fase larval.”
(“The offspring from this ‘couple’ will be only males and all females will die. It’s like a specific female larvicide, as females die in the larval stage.”)— Natalia Verza Ferreira, Diretora-executiva, Oxitec Brasil
Implicações para a saúde pública
A implementação dessas tecnologias pode ter um impacto considerável na população, especialmente em áreas mais afetadas pela dengue. A estratégia prevê o uso do Aedes do Bem em um ciclo que se estende de outubro a maio, com a introdução da Wolbachia dois meses após a supressão inicial. “A recomendação dos especialistas é de que se faça primeiro a supressão da população com o Aedes do Bem e logo em seguida a Wolbachia para vacinar esses mosquitos que sobrarem e eles não conseguirem transmitir as doenças”, disse Natalia. A aprovação pela Anvisa está em andamento e é considerada essencial para a expansão dessas tecnologias como políticas públicas de saúde.
As expectativas são de que a nova instalação permita uma resposta rápida às necessidades de controle da dengue no Brasil, equipando o Ministério da Saúde com as ferramentas necessárias para abordar surtos futuros.
Fonte: (Agência Brasil – Saúde)