
São Paulo — InkDesign News — O recente “tarifaço” anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda não demonstrou impacto significativo nas exportações e importações no comércio exterior, mas pode afetar segmentos específicos, conforme a análise do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) na sexta-feira (16).
Panorama econômico
A avaliação do Icomex destaca que, apesar das tensões comerciais acirradas entre Estados Unidos e China, a dinâmica de fluxo de comércio permanece relativamente estável. As incertezas associadas às tarifas instauradas por Trump não permitem grandes decisões no curto prazo, visto que os contratos de comércio exterior são geralmente de longa duração. A recente trégua nas tarifas sugere um afastamento de cenários mais drásticos que poderiam causar uma paralisação significativa do comércio global e uma recessão mundial.
Indicadores e análises
O estudo indica um superávit da balança comercial brasileira de US$ 8,2 bilhões em abril, próximo aos US$ 8,4 bilhões registrados no mesmo mês de 2024. Entretanto, no acumulado de janeiro a abril, o resultado foi um superávit de US$ 17,7 bilhões em 2025, contraposto aos US$ 26,9 bilhões do ano anterior. O déficit acumulado com a China de US$ 3,4 bilhões no primeiro bimestre do ano contrasta com o saldo positivo de US$ 5 bilhões no mesmo período em 2024.
“Não se descarta conforme relatos publicados na imprensa que algumas empresas/segmentos possam já estar antecipando e/ou presenciando algum aumento nas exportações para os Estados Unidos (caso de calçados e têxteis) ou aumento de entrada de produtos chineses no mercado brasileiro”
(“Some companies/sectors may already be anticipating and/or witnessing an increase in exports to the United States (such as footwear and textiles) or an increase in the entry of Chinese products into the Brazilian market.”)— Relatório do Icomex
Impactos e previsões
A possibilidade de algum acordo mais duradouro entre as nações, mesmo sem o retorno aos níveis tarifários anteriores à era Trump, poderia proporcionar custos mais elevados, mas viabilizaria os fluxos de comércio. A visita do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à China, recentemente, culminou na assinatura de contratos para a abertura de mercados e fomento a investimentos chineses, o que pode impulsionar as trocas comerciais entre os dois países.
“As incertezas diminuíram em relação ao início de abril. No entanto, em relação ao mundo antes de Trump, o cenário para o comércio mundial deteriorou com a quebra das regras mínimas para a sustentabilidade de uma relação de trocas ‘não conflituosa/harmoniosa’ entre os países.”
(“The uncertainties have decreased compared to the beginning of April. However, regarding the world before Trump, the scenario for global trade has deteriorated with the breakdown of minimum rules for the sustainability of a non-conflicting/harmonious exchange relationship between countries.”)— Relatório do Icomex
À medida que os impactos das tarifas e das negociações comerciais entre potências globais se desenvolvem, será imprescindível acompanhar os desdobramentos que podem afetar tanto a indústria quanto os consumidores. A interação entre os mercados americano e chinês, bem como as políticas adotadas, promulgarão definições futuras do comércio global.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)