
Brasília — InkDesign News — O faturamento real da indústria brasileira avançou 4,7% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o quarto trimestre de 2024, segundo Indicadores Industriais divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em 9 de maio. O resultado ocorre apesar de uma queda de 2,4% no faturamento do setor em março.
Panorama econômico
O cenário econômico global segue desafiador, com pressões inflacionárias ainda presentes e políticas monetárias cautelosas adotadas por diversos bancos centrais. No Brasil, a inflação em abril ficou em 0,43%, pressionada principalmente por itens de alimentação e saúde, o que pode influenciar consumo e produção industrial. A decisão recente dos órgãos reguladores em manter juros em níveis controlados busca conter esses efeitos sem frear o crescimento econômico. O ambiente fiscal deve ser monitorado de perto para garantir estabilidade nas contas públicas, condição essencial para manter a confiança da indústria e do mercado.
Indicadores e análises
De acordo com a CNI, o faturamento das empresas industriais caiu 2,4% em março, mas o indicador acumulado no primeiro trimestre registrou alta de 10,8% na comparação anual. As horas trabalhadas na produção recuaram 1,6% em março, revertendo quase por completo o aumento de 1,9% registrado no mês anterior. A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) permaneceu estável em 78,9%, ligeiramente inferior em 0,1 ponto percentual na comparação trimestral e em 0,6 ponto percentual na base anual.
Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, observou:
“Isso caracteriza uma perda do dinamismo, que a gente vem observando desde o fim do ano passado. Esse movimento também pode se verificar no recuo do faturamento e da produção de março”
(“This characterizes a loss of dynamism, which we have been observing since the end of last year. This movement can also be seen in the decline in revenue and production in March.”)— Marcelo Azevedo, Gerente de Análise Econômica, CNI
O emprego industrial registrou estabilidade em março, finalizando o primeiro trimestre com alta de 0,8% em relação ao trimestre anterior e 2,7% frente ao mesmo período de 2024. A trajetória de crescimento do emprego permanece após 17 meses consecutivos, embora o ritmo tenha desacelerado recentemente.
“No entanto, ainda é cedo para apontar se é o fim desse longo ciclo ou se ele vai se repetir nos próximos meses, mas fica o alerta, sobretudo quando analisadas outras variáveis que, em sua maioria, foram negativas na passagem de fevereiro para março”
(“However, it is still too early to say whether this long cycle is ending or if it will repeat in the coming months, but the warning remains, especially when considering other variables that were mostly negative from February to March.”)— Marcelo Azevedo, Gerente de Análise Econômica, CNI
Enquanto o faturamento e mão de obra apresentam crescimento tímido, a massa salarial sofreu retração de 1,9% no primeiro trimestre e o rendimento médio real caiu 3,1% no mesmo período, indicando perdas no poder aquisitivo dos trabalhadores da indústria.
Impactos e previsões
O crescimento do faturamento real da indústria no início do ano reflete adaptação do setor frente aos desafios do cenário econômico, mas a estagnação da Utilização da Capacidade Instalada e a queda na massa salarial sinalizam riscos para a sustentabilidade desse progresso. A desaceleração no crescimento do emprego e a queda das horas trabalhadas indicam que a expansão pode estar esbarrando numa demanda mais fraca por produtos industriais.
Especialistas alertam para os potenciais efeitos sobre o consumidor, que pode enfrentar maior pressão inflacionária e poder de compra reduzido. A indústria, por sua vez, precisa ajustar sua capacidade produtiva e custos para manter competitividade no cenário doméstico e internacional.
Esta conjuntura demanda atenção das políticas econômicas para assegurar estímulos adequados ao investimento e à recuperação da economia, ao mesmo tempo em que controles inflacionários e fiscais precisam ser mantidos.
O desdobramento desses indicadores será fundamental para antecipar mudanças na indústria e na economia brasileira nos próximos meses, podendo influenciar decisões de mercado e políticas públicas.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)