Exoplaneta orbitando sóis gêmeos inspira missão e estudo de órbita

São Paulo — InkDesign News — Uma equipe internacional de astrônomos anunciou a descoberta de um planeta incomum em órbita circumbinária polar ao redor de um par de anãs marrons eclipsantes, situado a 118 anos-luz da Terra. Denominado 2M1510(AB)b, o planeta apresenta características inéditas, ao orbitar suas estrelas na vertical, cruzando sobre os polos das anãs marrons, diferentemente da órbita coplanar observada em outros sistemas.
Detalhes da missão
A descoberta foi realizada a partir de observações com o Very Large Telescope (VLT), no Chile, durante o monitoramento das anãs marrons binárias 2M1510A e 2M1510B — corpo central do sistema — para determinar seus parâmetros orbitais. A detecção do planeta baseou-se nas sutis perturbações gravitacionais que o corpo exerce sobre o movimento das anãs marrons. Estima-se que a massa do planeta esteja entre 10 e 100 vezes a massa da Terra, embora dados como período orbital, diâmetro e massa exata ainda sejam desconhecidos devido à natureza indireta da identificação.
Além das duas anãs marrons centrais, o sistema conta com uma terceira anã marrom, denominada 2M1510C, que orbita mais afastada e não interage diretamente com o planeta.
Tecnologia e objetivos
O VLT, operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO), permitiu coletar informações detalhadas sobre o movimento das anãs marrons, viabilizando a modelagem do sistema através da análise das influências gravitacionais exercidas pelo planeta não visualizado diretamente. A singularidade da órbita polar, inclinada 90 graus em relação ao plano equatorial do par estelar, sugere que o planeta possa ter se formado em um disco circumbinário inclinado, observados em outras jovens estrelas binárias pelo Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA).
“Nossa expectativa é que o planeta teria se formado em um disco inclinado, como aqueles observados pelo ALMA.”
(“Our expectation is that the planet would have formed in an inclined disc, such as those observed by ALMA.”)— Amaury Triaud, Professor de Astronomia, Universidade de Birmingham, UK
O estudo destaca que órbitas polares circumbinárias podem apresentar maior estabilidade que órbitas coplanares em torno de sistemas binários, um fenômeno ainda pouco compreendido em modelos planetários atuais.
Próximos passos
A equipe liderada por Thomas Baycroft, estudante de doutorado na Universidade de Birmingham, pretende aprofundar a caracterização do planeta 2M1510(AB)b, incluindo a determinação do seu período orbital e massa, por meio de novas observações e modelagem orbital. Considera-se também a investigação da influência de estrelas próximas que poderiam ter perturbado o disco protoplanetário, além de estudar as implicações climáticas derivadas da órbita polar em um sistema binário.
“Ainda não compreendemos totalmente por que certos planetas orbitando estrelas únicas estão em órbitas polares, e como este é o primeiro caso de órbita polar circumbinária, ainda sabemos pouco sobre ele.”
(“We still do not fully understand why certain planets orbiting single stars are on polar orbits, and since what we’ve found is the first polar circumbinary geometry, we also do not know much about it.”)— Amaury Triaud, Professor de Astronomia, Universidade de Birmingham, UK
Este avanço abre novas perspectivas para a compreensão da formação e dinâmica planetária em sistemas binários, com impacto significativo no estudo de exoplanetas em ambientes estelares complexos e suas condições geoclimáticas, ampliando o conhecimento sobre a diversidade de mundos no universo.
Fonte: (Space.com – Space & Exploração)